31 maio 2012

Dia Mundial sem Tabaco

A vida sabe-me a tabaco louro.
Nunca fiz mais do que fumar a vida.

(Álvaro de Campos, “Opiário”, Poesia, 5, p. 66)

28 maio 2012

Produtividade nacional

[...] We move very quickly from one point where nothing is being done to another point where there is nothing to do, and we call this the feverish haste of modern life. It is not the fever of hurry, but the hurry of fever.

(Fernando Pessoa, “Erostratus”, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias,
VIII, 35, p. 207; em inglês no original)




[ [...] Movemo-nos rapidamente de um ponto onde nada se faz para outro ponto onde nada há que fazer, e chamamos a isto a pressa febril da vida moderna. Não é a febre da pressa, mas a pressa da febre. ]

(idem, p. 256; trad. Jorge Rosa)

26 maio 2012

Final do Festival Eurovisão da Canção 2012

Desfile das nações para o meu Desprezo!

(Álvaro de Campos, “Ultimatum”, Prosa Publicada em Vida, p. 280)

24 maio 2012

Iconografia pessoana

Pintura de Jacob Porat

22 maio 2012

127 anos da morte de Victor Hugo (1885)

A poesia de V. Hugo é apenas a glorificação de lugares-comuns.

(Fernando Pessoa, “Victor Hugo”, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, IX, 13, p. 319)

21 maio 2012

Chegada do espólio de José Saramago à Casa dos Bicos, sede da sua Fundação

«Lisbon Revisited»
Colagem de Cruzeiro Seixas (1969)

(Álvaro de Campos, “Lisbon Revisited” (1923), Poesia, 47, pp. 271–272;
“Lisbon Revisited” (1926), Poesia, 65, pp. 300–302)

20 maio 2012

514 anos da chegada de Vasco da Gama a Calecute (1498)

Enoja-me o Oriente. É uma esteira
Que a gente enrola e deixa de ser bela.

(Álvaro de Campos, “Opiário”, Poesia, 5, p. 63)

18 maio 2012

Dia Internacional dos Museus

[...] A great painting means a thing which a rich American wants to buy because other people would like to buy it if they could. Thus paintings are set on a parallel, not with poems or novels, but with the first editions of certain poems and novels. The museum becomes a thing parallel, not to the library, but to the bibliophile’s library. The appreciation of painting becomes, not a parallel to the appreciation of literature, but to the appreciation of editions. Art criticism falls gradually into the hands of dealers in antiques.
[...]
A walk through a museum becomes, not a contribution to culture, but a stimulus to envy, like looking from our own tired feet on a rich man’s automobile.


(Fernando Pessoa, “Erostratus”, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias,
VIII, 37, p. 210; em inglês no original)




[ [...] Um grande quadro significa uma coisa que um americano rico quer comprar porque outras pessoas gostariam também de o fazer, se pudessem. Assim, um quadro é posto em paralelo, não com um poema ou um romance, mas com as primeiras edições de certos poemas e romances. O museu equipara-se, não à biblioteca, mas à biblioteca de um bibliófilo. O apreço pela pintura torna-se paralelo, não do apreço pela literatura, mas do apreço pelas edições. A crítica de arte cai gradualmente nas mãos dos antiquários.
[...]
Percorrer um museu transforma-se, não numa contribuição para a cultura, mas num estímulo para a inveja, como erguer o olhar dos nossos pés cansados para o automóvel de um ricaço. ]


(idem, pp. 259–260; trad. Jorge Rosa)

15 maio 2012

Dia Internacional das Famílias

Fernando Pessoa e a família sentados numa escada
Fernando Pessoa, com 16 anos,
com a família em Durban

Da esquerda para a direita:
Mãe, João Maria*, Fernando Pessoa,
Henriqueta Madalena*, Luís Miguel*,
João Miguel Rosa (padrasto)

* meios-irmãos


(Fotobiografias do Século XX: Fernando Pessoa, p. 46)

12 maio 2012

Dia Internacional dos Enfermeiros

Vem, cuidadosa,
Vem, maternal,
Pé ante pé enfermeira [...]

(Álvaro de Campos, “Dois excertos de odes (fins de duas odes, naturalmente)”, Poesia, 9.I, p. 94)

10 maio 2012

79 anos do Bücherverbrennung, queima pública de livros «pouco alemães» pelo regime nazi (1933)

«Burn the book well, hangman,
Burn it to the last leaf,
[...]

«His works, his books, his poems
To fire’s oblivion fling;
Let ashes remain of all this.
Remains there anything?»


(Alexander Search, “Priest and Hangman”, Poesia, 88, pp. 192/194; em inglês no original)




[ «Queima esse livro, carrasco,
Queima-o até à última folha,
[...]

«Seus livros, obras, poemas,
Lança ao fogo, ao esquecimento!
Que deles só fiquem cinzas.
Algo sobra de momento? ]


(“O Padre e o Carrasco”, pp. 193/195; trad. Luísa Freire, com alterações)

08 maio 2012

230 anos da morte do Marquês de Pombal (1782)

Só da obra do Marquês de Pombal alguma coisa ficou, e isso não pela energia do homem, nem mesmo pelas suas grandes qualidades de organizador, mas pelo ponto de apoio que deu a essa obra — o desenvolvimento industrial e comercial do país. [...]

(Fernando Pessoa, “Como Organizar Portugal”, Sobre Portugal — Introdução ao Problema Nacional,
10, p. 107)

06 maio 2012

Dia da Mãe

Fotografia de Maria Madalena Pinheiro Nogueira (1862–1925)


(Fotobiografias do Século XX: Fernando Pessoa, p. 18)

03 maio 2012

Falar vs. escrever

A palavra falada é um fenómeno natural; a palavra escrita é um fenómeno cultural. O homem natural pode viver perfeitamente sem ler nem escrever. Não o pode o homem a que chamamos civilizado: por isso, como disse, a palavra escrita é um fenómeno cultural, não da natureza mas da civilização, da qual a cultura é a essência e o esteio.

Pertencendo, pois, a mundos (mentais) essencialmente diferentes, os dois tipos de palavra obedecem forçosamente a leis ou regras essencialmente diferentes. A palavra falada é um caso, por assim dizer, democrático. Ao falar, temos que obedecer à lei do maior número, sob pena de ou não sermos compreendidos ou sermos inutilmente ridículos. Se a maioria pronuncia mal uma palavra, temos que a pronunciar mal; diremos anedóta, embora saibamos que se deve dizer anédota. Se a maioria usa de uma construção gramatical errada, da mesma teremos que usar: diremos «hás de tu compreender», embora saibamos que «hás tu de compreender» é a fórmula verdadeira. [...]

(Fernando Pessoa, Pessoa Inédito, 113, p. 242)

01 maio 2012

1 ano da beatificação de João Paulo II (2011)

O milagre é a preguiça de Deus, ou, antes, a preguiça que Lhe atribuímos, inventando o milagre.

(Bernardo Soares, Livro do Desassossego, 375, p. 340)

Pessoa, sempre — todos os dias: Maio de 2012

Calendário pessoano: Maio de 2012
Os ícones de cada dia foram adaptados dos do Labirinto do site MultiPessoa.