12 janeiro 2010

579 anos do início do julgamento de Joana d’Arc por bruxaria (1431)

Não uma santa estética, como Santa Teresa,
Não uma santa dos dogmas,
Não uma santa.
Mas uma santa humana, maluca e divina,
Materna, agressivamente materna,
Odiosa, como todas as santas,
Persistente, com a loucura da santidade.
Odeio-a e estou de cabeça descoberta
E dou-lhe vivas sem saber porquê!
[...]
Bruxa de boa intenção...

[...]

Minha Joana de Arc sem pátria!
[...]
Estúpida como todas as santas
E militante como a alma que quer vencer o mundo!

(Álvaro de Campos, “Carry Nation”, Poesia, 123, pp. 399–400)