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14 fevereiro 2013

Dia dos Namorados

Não sei se é amor que tens, ou amor que finges,
O que me dás. Dás-mo. Tanto me basta.
Já que o não sou por tempo,
Seja eu jovem por erro.
Pouco os deuses nos dão, e o pouco é falso.
Porém, se o dão, falso que seja, a dadiva
É verdadeira. Aceito,
Cerro olhos: é bastante.


(Ricardo Reis, Poesia, II, 112, pp. 118–119)



Fotografia de Ofélia Queirós (1900–1991)

01 abril 2012

Dia das Mentiras

EH-LÀ!


Acaba de publicar-se o terceiro número de ORPHEU.
Esta revista é, hoje, a única ponte entre Portugal e a Europa, e, mesmo, a única razão de vulto que Portugal tem para existir como nação independente.
Ler ORPHEU é o único acto civilizado que é possível praticar hoje em Portugal, excepto o suicídio com ordem de incineração no testamento.
Comprar ORPHEU é regressar de África. Compreender ORPHEU é ter voltado de lá já há muito tempo.
Comprar ORPHEU é, enfim, ajudar a salvar Portugal da vergonha de não ter tido senão a literatura portuguesa. ORPHEU é todas as literaturas.
À venda em todas as livrarias.
Preço 50 centavos
(em português: 500 réis)

(Fernando Pessoa, Pessoa Inédito, 126, p. 254)

01 abril 2011

Dia das Mentiras

Não se preocupem comigo: também tenho a verdade.
Tenho-a a sair da algibeira como um prestidigitador.

(Álvaro de Campos, Poesia, 110, p. 379)

16 julho 2010

Profecias

A existência do dom de profecia é afirmada por muitos e negada por muitos. Na maioria dos casos, ou a linguagem profética é tão obscura que dela se pode fazer aplicação a qualquer facto, ou a abundância de pormenores é tão grande que dificilmente se encontrará um facto a que um ou outro dos pormenores se não possa ajustar. De sorte que o problema fundamental fica na mesma. Os que afirmam a existência do dom profético apontam o facto justificativo; os que lhe negam a existência apontam que qualquer facto, ainda que fosse contrário do que se deu, serviria igualmente, e portanto com igual inutilidade, de justificação.

(Fernando Pessoa, Crítica, p. 530)

01 abril 2010

Dia das Mentiras

Tenho uma pena que escreve
Aquilo que eu sempre sinta.
Se é mentira, escreve leve.
Se é verdade, não tem tinta.

(Fernando Pessoa, Quadras, I, 111, p. 38)



Tenho escrito mais versos que verdade.

(Álvaro de Campos, Poesia, 144, p. 434)

01 outubro 2009

60 anos da fundação da República Popular da China (1949)

Quedar-nos-emos indiferentes à verdade ou mentira de todas as religiões, de todas as filosofias, de todas as hipóteses inutilmente verificáveis a que chamamos ciências. Tão-pouco nos preocupará o destino da chamada humanidade, ou o que sofra ou não sofra em seu conjunto. Caridade, sim, para com o «próximo» como no Evangelho se diz, e não com o homem, de que nele se não fala. E todos, até certo ponto assim somos: que nos pesa, ao melhor de nós, um massacre na China? Mais nos dói, ao que de nós mais imagine, a bofetada injusta que vimos dar na rua a uma criança.

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[...] senti sempre os movimentos humanos — as grandes tragédias colectivas da história ou do que dela fazem — como frisos coloridos, vazios da alma dos que passam neles. Nunca me pesou o que de trágico se passasse na China. É decoração longínqua, ainda que a sangue e peste.

(Bernardo Soares, Livro do Desassossego, 447, p. 394 & 165, p. 178)

01 abril 2009

Dia das Mentiras

Aguarela de Hermenegildo Sábat
(Fonte: Público)