Dickens’ women are dolls, but all women are dolls. As some thinkers upheld it at Nicea (?), women have no souls. Their existence is bi-dimensional to the tri-dimensional psychism of men. Women are merely ornaments to man’s life — of his life as an animal, as enabling him to satisfy an instinct, of his life as a social being, as enabling him to continue the society he lives in and, working for, creates anew, of his life as an intellectual being as a decorative part of the outer world, with landscapes, china, pictures, old furniture... [...]
(Fernando Pessoa, “Charles Dickens”, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, IX, 8, pp. 308–309;
em inglês no original)
em inglês no original)
[ [...] As mulheres de Dickens são cartão e serradura para acondicionar os seus homens na viagem desde os espaços oníricos. Na alegria e entusiasmo da vida não há lugar para a mulher [...].
As mulheres de Dickens são bonecas, mas todas as mulheres, afinal, o são. Como alguns pensadores afirmaram em Niceia (?), as mulheres não têm alma. A sua existência é bidimensional comparada com o psiquismo tridimensional do homem. As mulheres são meros ornamentos da vida do homem — da sua vida como animal, na medida em que lhe permite satisfazer um instinto, da sua vida como ser social, na medida em que lhe permite continuar a sociedade em que vive e que recria ao contribuir para ela, da sua vida como ser intelectual, como parte decorativa do mundo externo, com paisagens, louças, quadros, mobiliário antigo... [...] ]
(idem, p. 310; trad. Jorge Rosa)