(Fernando Pessoa, Da República (1910–1935), 150, p. 421)
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14 março 2013
Eleição do jesuíta argentino Jorge Bergoglio como Papa (Francisco I)
[...] Nem consta que com ela alguém lucrasse, excepto [...] a Companhia de Jesus, que, por processos que não vêm ao caso, conseguiu, através dela, consolidar ainda mais a sua posição junto do Vaticano. Quem quiser conclusões que as tire: estão aqui o poço e o balde.
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02 março 2013
94 anos da fundação da Terceira Internacional Comunista (1919)
[...] foram[-me] sempre origem de repugnância e asco todas as formas do internacionalismo, que são três: a Igreja de Roma, a finança internacional e o comunismo.
(Fernando Pessoa, Pessoa por Conhecer, vol. II, 67, p. 88)
16 janeiro 2013
67 anos da declaração de “Santo” António de Lisboa como Doutor da Igreja (1946)
Santo António de Lisboa
Era um grande pregador,
Mas é por ser Santo António
Que as moças lhe têm amor.
Era um grande pregador,
Mas é por ser Santo António
Que as moças lhe têm amor.
(Fernando Pessoa, Quadras, II, 201, p. 105)
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08 dezembro 2012
148 anos da publicação do “Syllabus Errorum” do Papa Pio IX, condenando o naturalismo, o racionalismo, a liberdade religiosa, as críticas à Igreja, etc. (1864)
EXCOMMUNICATION
I, Charles Robert Anon, being, animal, mammal, tetrapod, primate, placental, ape, catarrhina, [] man; eighteen years of age, not married (except at odd moments), megalomaniac, with touches of dipsomania, dégénéré supérieur, poet, with pretensions to written humour, citizen of the world, idealistic philosopher, etc. etc. (to spare the reader further pains),
In the name of TRUTH, SCIENCE and PHILOSOPHIA, not with bell, book and candle, but with pen, ink and paper, Pass sentence of excommunication on all priests and all sectarians of all religions in the world.
Excommunicabo vos.
Be damned to you all.
Ainsi-soit-il.
Reason, Truth, Virtue per C.R.A.
(Charles Robert Anon, Escritos Autobiográficos, Automáticos e de Reflexão Pessoal, pp. 58 e 60;
em inglês no original)
em inglês no original)
[ EXCOMUNHÃO
Eu, Charles Robert Anon, ser, animal, mamífero, tetrápode, primata, placentário, macaco, catarríneo, [] homem; dezoito anos de idade, não casado (excepto de vez em quando), megalómano, com traços de dipsomania, dégénéré supérieur, poeta, com pretensões a humor escrito; cidadão do mundo, filósofo idealista, etc., etc. (para poupar ao leitor mais esforços),Em nome da VERDADE, da CIÊNCIA e da PHILOSOPHIA, não com campainha, livro e vela, mas com caneta, tinta e papel,
Profiro sentença de excomunhão para todos os padres e todos os sectários de todas as religiões do mundo.
Excommunicabo vos.
Que sejais todos malditos.
Ainsi-soit-il.
Razão, Verdade, Virtude por C.R.A. ]
(idem, pp. 59 e 61; tradução com alterações)
30 setembro 2012
Dia Internacional do Direito à Blasfémia*
De que maneira, por que processo reconheceremos o esteta, propriamente tal, na sua obra? Quais são os sinais necessários da aplicação do ideal estético? [...] Como distinguiremos o esteta do [...] revoltado, que procura o pecado só porque é pecado, e blasfema [...] só para ter a consciência da blasfémia? [...]
* Dia que, desde 2009, celebra o direito à liberdade de expressão, incluindo à crítica e sátira religiosas. A data foi escolhida para coincidir com o aniversário da publicação, em 2005, de uma série de cartoons sobre Maomé num jornal dinamarquês, evento que, meses mais tarde, desencadearia forte polémica no mundo islâmico.
(Fernando Pessoa, “António Botto e o Ideal Estético em Portugal”, Crítica, p. 179)
* Dia que, desde 2009, celebra o direito à liberdade de expressão, incluindo à crítica e sátira religiosas. A data foi escolhida para coincidir com o aniversário da publicação, em 2005, de uma série de cartoons sobre Maomé num jornal dinamarquês, evento que, meses mais tarde, desencadearia forte polémica no mundo islâmico.
03 setembro 2012
253 anos da ordem de expulsão dos Jesuítas de Portugal (1759)
Tudo daqui para fora! Tudo daqui para fora!
(Álvaro de Campos, “Ultimatum”, Prosa Publicada em Vida, p. 280)
22 junho 2012
379 anos da condenação de Galileu Galilei pelo Tribunal do Santo Ofício (1633)
[...] a crítica da atmosfera religiosa produz maiores espíritos que aquela que se exerce no vácuo. Kant assim surgiu.
A desastrada argumentação que citaria para o caso as circunstâncias que oprimiram Galileu e Servet, esqueceria sem dúvida que estava confundindo o predomínio religioso com a falta de civilização. São dois factos que importa não confundir. Se nós víssemos que nesses tempos as penalidades criminais eram de uma suavidade enorme, que eram de uma leniência acentuada as sentenças dos juízes, e que ao mesmo tempo esses hereges aparecessem queimados, enforcados, mortos, seria então o caso de atribuir à religião uma culpa que ela efectivamente teria. Mas a religião defendia-se, como é natural, e defendia-se com as armas do tempo; com as mesmas armas com que se defendia qualquer estado. [...]
A desastrada argumentação que citaria para o caso as circunstâncias que oprimiram Galileu e Servet, esqueceria sem dúvida que estava confundindo o predomínio religioso com a falta de civilização. São dois factos que importa não confundir. Se nós víssemos que nesses tempos as penalidades criminais eram de uma suavidade enorme, que eram de uma leniência acentuada as sentenças dos juízes, e que ao mesmo tempo esses hereges aparecessem queimados, enforcados, mortos, seria então o caso de atribuir à religião uma culpa que ela efectivamente teria. Mas a religião defendia-se, como é natural, e defendia-se com as armas do tempo; com as mesmas armas com que se defendia qualquer estado. [...]
(Fernando Pessoa, Pessoa por Conhecer, vol. II, 235 , p. 282)
14 junho 2012
46 anos da abolição do Index Librorum Prohibitorum (Índice dos Livros Proibidos) pelo Vaticano (1966)
[...] Hoje a um livro herético responde, pela brandura dos costumes do tempo, uma proibição dum bispo de que os seus diocesanos leiam; [...]
(Fernando Pessoa, Pessoa por Conhecer, vol. II, 235 , p. 282)
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07 junho 2012
Procissão do Corpo de Deus
Gado vestido dos currais dos Deuses,
Deixá-lo passar engrinaldado [...]
Deixá-lo passar engrinaldado [...]
(Álvaro de Campos, Poesia, 88, pp. 346–347)
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01 maio 2012
1 ano da beatificação de João Paulo II (2011)
O milagre é a preguiça de Deus, ou, antes, a preguiça que Lhe atribuímos, inventando o milagre.
(Bernardo Soares, Livro do Desassossego, 375, p. 340)
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17 fevereiro 2012
412 anos da execução de Giordano Bruno na fogueira da Inquisição romana (1600)
[...] poderíamos, lembrados da Inquisição e das guerras religiosas, descrever o Cristianismo como a religião da crueldade e do sangue [...]
(António Mora, Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação, 292)
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15 janeiro 2012
Onde se lê «Sr. José Cabral», leia-se «Ministra Paula Teixeira da Cruz»
[...] Creio não errar ao presumir que o Sr. José Cabral supõe que a Maçonaria é uma associação secreta. Não é. A Maçonaria é uma Ordem secreta, ou, com plena propriedade, uma Ordem iniciática. O Sr. José Cabral não sabe, provavelmente, em que consiste a diferença. Pois o mal é esse — não sabe. Nesse ponto, se não sabe, terá que continuar a não saber. De mim, pelo menos, não receberá a luz. Forneço-lhe, em todo o caso, uma espécie de meia luz, qualquer coisa como a «treva visível» de certo grande ritual. Vou insinuar-lhe o que é essa diferença por o que em linguagem maçónica se chama «termos de substituição».
A Ordem Maçónica é secreta por uma razão indirecta e derivada a mesma razão por que eram secretos os Mistérios antigos, incluindo os dos cristãos, que se reuniam em segredo, para louvar a Deus, em o que hoje se chamariam Lojas ou Capítulos, e que, para se distinguir dos profanos, tinham fórmulas de reconhecimento — toques, ou palavras de passe, ou o que quer que fosse. Por esse motivo os romanos lhes chamavam ateus, inimigos da sociedade e inimigos do Império — precisamente os mesmos termos com que hoje os maçons são brindados pelos sequazes da Igreja Romana, filha, talvez ilegítima, daquela maçonaria remota.
A Ordem Maçónica é secreta por uma razão indirecta e derivada a mesma razão por que eram secretos os Mistérios antigos, incluindo os dos cristãos, que se reuniam em segredo, para louvar a Deus, em o que hoje se chamariam Lojas ou Capítulos, e que, para se distinguir dos profanos, tinham fórmulas de reconhecimento — toques, ou palavras de passe, ou o que quer que fosse. Por esse motivo os romanos lhes chamavam ateus, inimigos da sociedade e inimigos do Império — precisamente os mesmos termos com que hoje os maçons são brindados pelos sequazes da Igreja Romana, filha, talvez ilegítima, daquela maçonaria remota.
(Fernando Pessoa, “Associações Secretas”, Da República (1910–1935), 132, pp. 394–395)
14 janeiro 2012
O eterno retorno da polémica anti-Maçonaria
Estreou-se a Assembleia Nacional, do ponto de vista legislativo, com a apresentação, por um deputado, de um projecto de lei sobre «associações secretas». De tal ordem é o projecto, tanto em natureza como em conteúdo, que não há que felicitar o actual Parlamento por lhe ter sido dada essa estreia. Antes que dizer-lhe Absit omen!, ou seja, em português, Longe vá o agouro!
Apresentou o projecto o Sr. José Cabral, que, se não é dominicano, deveria sê-lo, de tal modo o seu trabalho se integra, em natureza, como em conteúdo, nas melhores tradições dos Inquisidores. O projecto, que todos terão lido nos jornais, estabelece várias e fortes sanções (com excepção da pena de morte) para todos quantos pertençam ao que o seu autor chama «associações secretas, sejam quais forem os seus fins e organização».
Dada a latitude desta definição, e considerando que por «associação» se entende um agrupamento de homens, ligados por um fim comum, e que por «secreto» se entende o que, pelo menos parcialmente, se não faz à vista do público, ou, feito, se não torna inteiramente público, posso, desde já, denunciar ao Sr. José Cabral uma associação secreta — o Conselho de ministros. De resto, tudo quanto de sério ou de importante se faz em reunião neste mundo, faz-se secretamente. Se não reúnem em público os Conselhos de ministros, também não o fazem as direcções dos partidos políticos, as tenebrosas figuras que orientam os clubes desportivos ou os sinistros comunistas que tornam os conselhos de administração das companhias comerciais e industriais.
Apresentou o projecto o Sr. José Cabral, que, se não é dominicano, deveria sê-lo, de tal modo o seu trabalho se integra, em natureza, como em conteúdo, nas melhores tradições dos Inquisidores. O projecto, que todos terão lido nos jornais, estabelece várias e fortes sanções (com excepção da pena de morte) para todos quantos pertençam ao que o seu autor chama «associações secretas, sejam quais forem os seus fins e organização».
Dada a latitude desta definição, e considerando que por «associação» se entende um agrupamento de homens, ligados por um fim comum, e que por «secreto» se entende o que, pelo menos parcialmente, se não faz à vista do público, ou, feito, se não torna inteiramente público, posso, desde já, denunciar ao Sr. José Cabral uma associação secreta — o Conselho de ministros. De resto, tudo quanto de sério ou de importante se faz em reunião neste mundo, faz-se secretamente. Se não reúnem em público os Conselhos de ministros, também não o fazem as direcções dos partidos políticos, as tenebrosas figuras que orientam os clubes desportivos ou os sinistros comunistas que tornam os conselhos de administração das companhias comerciais e industriais.
(Fernando Pessoa, “Associações Secretas”, Da República (1910–1935), 132, pp. 391–392)
08 dezembro 2011
147 anos da publicação do “Syllabus Errorum” do Papa Pio IX (1864)
Partem de 4 grandes classes os erros cometidos pelos homens do séc. XIX e XX em face da ciência:
(1) Reacção contra a ciência e o espírito científico por incapacidade de a compreender e de se adaptar a ela.
[...]
(1) Certos espíritos continuaram pensando e agindo como se a ciência não existisse e não contasse, resistindo-lhe, perseguindo-a. O Syllabus do desgraçado Pio IX é o mais flagrante documento desta impotência.
(1) Reacção contra a ciência e o espírito científico por incapacidade de a compreender e de se adaptar a ela.
[...]
(1) Certos espíritos continuaram pensando e agindo como se a ciência não existisse e não contasse, resistindo-lhe, perseguindo-a. O Syllabus do desgraçado Pio IX é o mais flagrante documento desta impotência.
(Ricardo Reis, Prosa, 76, p. 245)
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02 novembro 2011
Dia dos “Fiéis Defuntos”
Os mortos! Que prodigiosamente
E com que horrível reminiscência
Vivem na nossa recordação deles!
E com que horrível reminiscência
Vivem na nossa recordação deles!
(Álvaro de Campos, Poesia, 14, p. 102)
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31 outubro 2011
494 anos da afixação das “95 Teses” de Martinho Lutero na porta da igreja do castelo de Wittenberg (1517)
Desde que se separou, na Renascença e depois da Reforma, do cristianismo católico, o espírito cristão tem caminhado lentamente num determinado sentido. Esse sentido é o de afastar cada vez mais o dogma, a «letra», como diz o Evangelho, e de se dedicar cada vez mais ao «espírito». O protestantismo mais não é do que a subordinação do dogma à doutrina, a substituição gradual da autoridade pela consciência no cristianismo.
(Fernando Pessoa, “Alemanha e a Guerra”, Ultimatum e Páginas de Sociologia Política, 40, p. 234)
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07 agosto 2011
217 anos do último auto-de-fé em Lisboa (1794)
O que hoje prepondera em todo o mundo é o ódio à Inteligência.
(Bernardo Soares, Livro do Desassossego (Presença), vol. I, p. 230)
03 agosto 2011
Panaceias e ilusões
O catolicismo é uma religião da panaceia, como o ateísmo ou o livre pensamento é uma ilusão da farmácia.
(Fernando Pessoa, Aforismos e afins, p. 30)
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23 maio 2011
475 anos da instauração da Inquisição em Portugal (1536)
[...] decaído o arabismo, ficou a parte inferior dele — o fanatismo religioso. Esse, que tinha facilidade demais para entrar para o cristianismo, deu uma das formas crististas mais desoladoramente antipáticas que tem havido — este catolicismo de selvagens da nossa península, esta fé que havia de produzir a Inquisição, esses circenses do povo ibérico. Na parte inarabizada da Península, o Norte, o cristismo fanático dos inquisidores nunca pegou.
(Fernando Pessoa, Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação, 256)
05 abril 2011
A elite e os ideais políticos ou religiosos
Desde que um homem capaz de fazer obra de escol, isto é, de ciência ou de arte, põe a sua capacidade ao serviço de um ideal religioso ou de um ideal político, trai a sua missão. Um católico não pode examinar o texto do Novo Testamento, pois fatalmente o não poderá examinar com isenção. O estudo de um regime monárquico não pode decentemente ser feito por um republicano — nem por um monárquico.
(Fernando Pessoa, Fernando Pessoa: O Guardador de Papéis, p. 258)
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