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31 março 2013

Páscoa chuvosa

Ilumina-se a igreja por dentro da chuva deste dia,
E cada vela que se acende é mais chuva a bater na vidraça...

Alegra-me ouvir a chuva porque ela é o templo estar aceso,
E as vidraças da igreja vistas de fora são o som da chuva ouvido por dentro...

O esplendor do altar-mor é o eu não poder quase ver os montes
Através da chuva que é ouro tão solene na toalha do altar...
Soa o canto do coro, latino e vento a sacudir-me a vidraça
E sente-se chiar a água no facto de haver coro...

A missa é um automóvel que passa
Através dos fiéis que se ajoelham em hoje ser um dia triste...
Súbito vento sacode em esplendor maior
A festa da catedral e o ruído da chuva absorve tudo
Até só se ouvir a voz do padre água perder-se ao longe
Com o som de rodas de automóvel...

E apagam-se as luzes da igreja
Na chuva que cessa...

(Fernando Pessoa, “Chuva Oblíqua, II”, Poesia (1902–1917), p. 215)

23 março 2013

Dia Mundial da Meteorologia

Ameaçou chuva. E a negra
Nuvem passou sem mais...

(Fernando Pessoa, Poesia (1902–1917), p. 253)

23 março 2012

Dia Mundial da Meteorologia
(e, já agora, estava mesmo a dar-nos jeito uns dias de chuva...)

Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol.
Ambos existem; cada um como é.

(Alberto Caeiro, “Poemas Inconjuntos”, 22, Poemas Completos de Alberto Caeiro, p. 127)

04 fevereiro 2012

Aos que teimam em queixar-se do frio...

Quando está frio no tempo do frio, para mim é como se estivesse agradável,
Porque para o meu ser adequado à existência das coisas
O natural é o agradável só por ser natural.

Aceito as dificuldades da vida porque são o destino,
Como aceito o frio excessivo no alto do inverno —
Calmamente, sem me queixar, como quem meramente aceita,
E encontra uma alegria no facto de aceitar —
No facto sublimemente científico e difícil de aceitar o natural inevitável.

Que são para mim as doenças que tenho e o mal que me acontece
Senão o inverno da minha pessoa e da minha vida?
O inverno irregular, cujas leis de aparecimento desconheço,
Mas que existe para mim em virtude da mesma fatalidade sublime,
Da mesma inevitável exterioridade a mim,
Que o calor da terra no alto do verão
E o frio da terra no cimo do inverno.

Aceito por personalidade.
Nasci sujeito como os outros a erros e a defeitos,
Mas nunca ao erro de querer compreender demais,
Nunca ao erro de querer compreender só com a inteligência,
Nunca ao defeito de exigir do mundo
Que fosse qualquer coisa que não fosse o mundo.

(Alberto Caeiro, “Poemas Inconjuntos”, 49, Poemas Completos de Alberto Caeiro, p. 139)

03 fevereiro 2012

«Tempo frio com céu pouco nublado ou limpo. […] Acentuado arrefecimento noturno com formação de geada, que será geada negra nas regiões do interior.»

POEMA PIAL


Toda a gente que tem as mãos frias
Deve metê-las dentro das pias.

Pia número UM,
Para quem mexe as orelhas em jejum.

Pia número DOIS,
Para quem bebe bifes de bois.

Pia número TRÊS,
Para quem espirra só meia vez.

Pia número QUATRO,
Para quem manda as ventas ao teatro.

Pia número CINCO,
Para quem come a chave do trinco.

Pia número SEIS,
Para quem se penteia com bolos-reis.

Pia número SETE,
Para quem canta até que o telhado se derrete.

Pia número OITO,
Para quem parte nozes quando é afoito.

Pia número NOVE,
Para quem se parece com uma couve.

Pia número DEZ,
Para quem cola selos nas unhas dos pés.

E, como as mãos já não estão frias,
Tampa nas pias!

(Fernando Pessoa, O Melhor do Mundo São as Crianças, pp. 21–22)

25 dezembro 2011

«Chove. É dia de Natal.»


Canal do YouTube: Ode a Pessoa


(Fernando Pessoa, Poesia (1918–1930), p. 423)

21 dezembro 2010

«Períodos de chuva, por vezes forte [...]. Nas terras altas, vento forte a muito forte [...].» (Instituto de Meteorologia)

«Lluvia oblicua»*
Pintura de Juan Soler


* (Fernando Pessoa, “Chuva Oblíqua”, Poesia (1902–1917), pp. 214–218)