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14 dezembro 2012

94 anos do assassinato de Sidónio Pais (1918)

Quem ele foi sabe-o a Sorte,
Sabe-o o Mistério e a sua lei
A Vida fê-lo herói, e a Morte
O sagrou Rei!

Não é com fé que nós não cremos
Que ele não morra inteiramente.
Ah, sobrevive! Inda o teremos
Em nossa frente.

[...]

Precursor do que não sabemos,
Passado de um futuro a abrir
No assombro de portais extremos
Por descobrir.

Sê estrada, gládio, fé, fanal,
Pendão de glória em glória erguido!
Tornas possível Portugal
Por teres sido!

Não era extinta a antiga chama
Se tu e o amor puderam ser.
Entre clarins te a glória aclama,
Morto a vencer!

E, porque foste, confiando
Em QUEM SERÁ porque tu foste,
Ergamos a alma, e com o infando
Sorrindo arroste,

Até que Deus o laço solte
Que prende à terra a asa que somos,
E a curva novamente volte
Ao que já fomos,

E no ar de bruma que estremece
(Clarim longínquo matinal!)
O DESEJADO enfim regresse
A Portugal!

(Fernando Pessoa, “À Memória do Presidente-Rei Sidónio Pais”, Poesia (1918–1930), pp. 117 e 123–124)

22 setembro 2012

115 anos da morte de Antônio Vicente Mendes Maciel, vulgo Antônio Conselheiro, líder espiritual da revolta sertaneja de Canudos (1897)

À memória de Antônio Conselheiro, bandido, louco e santo, que, no sertão do Brasil, morreu, como um exemplo, com seus companheiros, sem se render, batendo-se todos, últimos Portugueses, pela esperança do Quinto Império e da vinda quando Deus quisesse, de El-Rei D. Sebastião, nosso Senhor, Imperador do Mundo.

(Fernando Pessoa, Pessoa Inédito, 107, p. 235)

04 agosto 2012

434 anos Batalha de Alcácer-Quibir (1578)

«Pessoa e o Quinto Império»
Desenho de H. Mourato


O DESEJADO


Onde quer que, entre sombras e dizeres,
Jazas, remoto, sente-te sonhado,
E ergue-te do fundo de não-seres
Para teu novo fado!

Vem, Galaaz com pátria, erguer de novo,
Mas já no auge da suprema prova,
A alma penitente do teu povo
À Eucaristia Nova.

Mestre da Paz, ergue teu gládio ungido,
Excalibur do Fim, em jeito tal
Que sua Luz ao mundo dividido
Revele o Santo Graal!

(Fernando Pessoa, Mensagem, Terceira Parte, I, p. 165)

04 agosto 2009

431 anos da Batalha de Alcácer-Quibir (1578)

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

(Fernando Pessoa, “Liberdade”, Poesia (1931–1935 e não datada), p. 378)


«Fernando Pessoa encontra D. Sebastião num caixão sobre um burro ajaezado à andaluza»
Pintura de Júlio Pomar (1985)