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13 dezembro 2012

435 anos do início da Circum-navegação de Francis Drake (1577)

Travels by sea like those of Drake, Frobisher, Cook and (as the Patent Office says) «the like» are so insignificant in the sociology of discovery that it were a wiser patriotism with Englishmen to omit all reference to them except as national incidents of a foreign impulse. Politics and not navigation is the English contribution to the substance of civilization. England found the sea only after it was told where it was.

(Fernando Pessoa, “Erostratus”, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias,
VIII, 33, pp. 204–205; em inglês no original)



[ Viagens marítimas como as de Drake, Frobisher, Cook e (como diz a Repartição de Patentes) «afins», são tão insignificantes na sociologia das descobertas que seria um patriotismo mais sensato os ingleses omitirem todas as referências a eles excepto como incidentes nacionais de um impulso estrangeiro. O contributo inglês para a substância da civilização foi a política, não a navegação. A Inglaterra só encontrou o mar depois de lhe terem dito onde ficava. ]

(idem, p. 253; trad. Jorge Rosa, com alterações)

06 dezembro 2012

244 anos da publicação da primeira edição da Enciclopédia Britânica (1768)

Estante com livros
«Livros são papéis pintados com tinta...»*
Pintura de Norberto Nunes


* (Fernando Pessoa, “Liberdade”, Poesia (1931–1935 e não datada), p. 378)

21 outubro 2012

207 anos da Batalha de Trafalgar (1805)

[...] Também no terceiro período a Inglaterra nada criou de civilizacional; criou a sua própria grandeza e nada mais — visto que a hegemonia europeia tem sido mais sua do que de outra nação no século XIX, conforme o vincaram para a história Nelson, em Trafalgar, e Wellington, em Waterloo.

(Fernando Pessoa, “A Nova Poesia Portuguesa sociologicamente considerada”, Crítica, p. 11)

09 dezembro 2011

Alemanha, França e Reino Unido mantêm o impasse na resolução da situação europeia

O que é preciso ter é [...] uma noção do meio internacional, de não ter a alma (ainda que obscuramente) limitada pela nacionalidade. [...] É preciso ter a alma na Europa.

(Fernando Pessoa, Pessoa Inédito, 180, p. 314)

06 dezembro 2011

243 anos da publicação da primeira edição da Enciclopédia Britânica (1768)

Há mais de meia hora
Que estou sentado à secretária
Com o único intuito
De olhar para ela.

(Estes versos estão fora do meu ritmo.
Eu também estou fora do meu ritmo.)

Tinteiro (grande) à frente.
Canetas com aparos novos à frente.
Mais para cá papel muito limpo.
Ao lado esquerdo um volume da Enciclopédia Britânica.
Ao lado direito —
Ah, ao lado direito! —
A faca de papel com que ontem
Não tive paciência para abrir completamente
O livro que me interessava e não lerei.

Quem pudesse sintonizar tudo isto!

(Álvaro de Campos, Poesia, 214, p. 534)

20 novembro 2011

204 anos da entrada de Junot em Portugal, início da Primeira Invasão Francesa (1807)

[...] O «mal-francês» é o mal produzido pelos franceses, isto é, as invasões francesas. Depois delas ficou Portugal em subordinação da Inglaterra, a «leoa», em cujo poder receia o Bandarra que Portugal fique. [...]

(Fernando Pessoa, “Trovas do Bandarra”,
Sobre Portugal — Introdução ao Problema Nacional, 43, p. 153)

28 outubro 2011

307 anos da morte de John Locke (1704)

[...] Deu-se o caso em Inglaterra, no conflito, em grande parte nacional e especial, entre a monarquia dos Stuarts, conscientemente «de direito divino», e a oposição a ela, que assumiu episodicamente, e em contrário do sentimento da maioria, a forma republicana. Nasceu por fim, depois de pesados anos de perturbações, o chamado constitucionalismo, fórmula de equilíbrio espontâneo, provinda de antigas tradições nacionais em que o fermento de todas as doutrinas anti-monárquicas diversamente se infiltrava. O principal teorista do sistema, tal qual finalmente veio a aparecer, foi Locke, em seu Ensaio sobre o Governo Civil.

(Fernando Pessoa, “O Interregno — Defesa e justificação da ditadura militar em Portugal, III”,
Crítica, pp. 382–383)

19 outubro 2011

266 anos da morte de Jonathan Swift (1745)

É na incapacidade de ironia que reside o traço mais fundo do provincianismo mental. Por ironia entende-se, não o dizer piadas, como se crê nos cafés e nas redacções, mas o dizer uma coisa para dizer o contrário. A essência da ironia consiste em não se poder descobrir o segundo sentido do texto por nenhuma palavra dele, deduzindo-se porém esse segundo sentido do facto de ser impossível dever o texto dizer aquilo que diz. Assim, o maior de todos os ironistas, Swift, redigiu, durante uma das fomes na Irlanda, e como sátira brutal à Inglaterra, um breve escrito propondo uma solução para essa fome. Propõe que os irlandeses comam os próprios filhos. Examina com grande seriedade o problema, e expõe com clareza e ciência a utilidade das crianças de menos de sete anos como bom alimento. Nenhuma palavra nessas páginas assombrosas quebra a absoluta gravidade da exposição; ninguém poderia concluir, do texto, que a proposta não fosse feita com absoluta seriedade, se não fosse a circunstância, exterior ao texto, de que uma proposta dessas não poderia ser feita a sério.

(Fernando Pessoa, “O Provincianismo Português”, Crítica, pp. 372–373)

05 setembro 2011

106 anos do fim da Guerra Russo-Japonesa de 1904–1905

(When English journalists joked at Russian’s disasters)

Our enemies are fallen; other hands
Than ours have struck them, and our joy is great
To know that now at length our fears abate
From hint and menace on great Eastern lands.

Bardling, scribbler and artist, servile bands,
From covert sneer outsigh their trembling hate,
Laughing at misery, and woe, and fallen state,
Armies of men whole-crushed on desolate strands.

The fallen lion every ass can kick,
That in his life, shamed to unmotioned fright,
His every move with eyes askance did trace.


(Alexander Search, “To England, II”, Poesia, 24, pp. 52/54; em inglês no original)




[ (Quando jornalistas ingleses troçaram dos desastres russos)

Os nossos inimigos estão caídos; outras mãos
Que não as nossas os atingiram, e a nossa alegria é grande
Por saber que agora, finalmente, sossegaram os nossos medos
Das ameaças nas grandes terras do Oriente.

Poetelhos, escrevinhadores e artistas, bandos servis,
Exprimem o ódio intenso antes contido,
Rindo da miséria, da angústia, do estado caído,
Exércitos inteiros esmagados em costas desoladas.

Qualquer burro consegue escoucear o leão caído
Que, em vida, o paralisava vergonhosamente de medo,
Todos os seus movimentos seguidos de soslaio. ]


(“À Inglaterra, II”; tradução nossa)

31 maio 2011

109 anos do fim da Segunda Guerra Boer (1902)

Ill scorn beseems us, men of war and trick,
Whose groaning nation poured her fullest might
To take the freedom of a farmer race.


(Alexander Search, “To England, II”, Poesia, 24, p. 54; em inglês no original)


[ O desdém fica-nos mal, homens da guerra e do embuste,
Cuja queixosa nação pôs todo o seu poder
Para tirar a liberdade de uma raça de agricultores. ]


(“À Inglaterra, II”; tradução nossa)

28 janeiro 2011

72 anos da morte de William Butler Yeats (1939)

Fora tu, Yeats da céltica bruma à roda de poste sem indicações, saco de podres que veio à praia do naufrágio do simbolismo inglês!

(Álvaro de Campos, “Ultimatum”, Prosa Publicada em Vida, p. 279)

16 outubro 2010

156 anos do nascimento de Oscar Wilde (1854)

[...] Wilde, que nunca foi uma figura de destaque na literatura inglesa, mas apenas na sociedade inglesa e no meio literário londrino — o que não é a mesma coisa. A sua prosa pesada cai ou manca na civilização inglesa; [...]

(Fernando Pessoa, Pessoa Inédito, 244, p. 390)

07 outubro 2010

Prémio Nobel da Literatura

[...] Estou agora completando uma versão inteiramente remodelada do Banqueiro Anarquista; essa deve estar pronta em breve e conto, desde que esteja pronta, publicá-la imediatamente. Se assim fizer, traduzo imediatamente esse escrito para inglês, e vou ver se o posso publicar em Inglaterra. Tal qual deve ficar, tem probabilidades europeias. (Não tome esta frase no sentido de Prémio Nobel imanente.) [...]

Referi-me, como viu, ao Fernando Pessoa só. Não penso nada do Caeiro, do Ricardo Reis ou do Álvaro de Campos. Nada disso poderei fazer, no sentido de publicar, excepto quando (ver mais acima) me for dado o Prémio Nobel. [...]

(Fernando Pessoa, Correspondência (1923–1935), 162, pp. 339–340)

05 outubro 2010

Monarquia Portuguesa vs. Primeira República: descubra as diferenças

[...] A República Velha falhou mesmo como fenómeno destrutivo: destruiu mal e destruiu por maus processos.

Destruiu mal porque destruiu pouco. Destruir a Monarquia não é só tirar o Rei: é também, é sobretudo substituir os tipos de mentalidade governantes por outros tipos de mentalidade. [...]

(Fernando Pessoa, Da República (1910–1935), 98, p. 243)



A República Velha nada alterou das tradições desonrosas da Monarquia. Mudou apenas a maneira de cometer os erros; os erros continuaram sendo os mesmos. Em vez de um regime católico, um regime anticatólico, isto é, um regime que logo arregimentava como inimigos os católicos. Em vez de uma República portuguesa, de um regime nacional, uma república francesa em Portugal. E assim como a Monarquia Constitucional havia sido um sistema inglês (ou anglo-francês) sobreposto à realidade da Pátria Portuguesa, a República Velha foi um sistema francês sobreposto à mesma realidade pátria. No que respeita aos erros de administração — a incompetência, a imoralidade, o caciquismo — ficámos na mesma, mudando apenas os homens que faziam asneiras, que praticavam roubos e que escamoteavam “eleições”. De sorte que a República Velha era a Monarquia sem Rei. [...]

(Fernando Pessoa, Da República (1910–1935), 101, p. 249)

27 junho 2010

105 anos da Revolta do Couraçado Potemkin (1905)*

Every reverse and disaster of the Russian army or navy is in such a way made the subject of a jest among us, that we seem to have nothing more amusing. Some of the Russian admirals, even after their death or their capture, have caused us outbursts of sniggering. The Czar himself, when dismayed by revolution and by war, and when in distress and in grief over his armies, appears to be taken by the British people as an animate joke of great value.

To us, Englishmen, of all men the most egotistic, the thought has never occurred that misery and grief ennoble, despicable and self-caused though they be. A drunken woman reeling through the streets is a pitiable sight. The same woman falling awkwardly in her drunkenness is, mayhap, an amusing spectacle. But this very same woman, drunken and awkward though she be, when weeping the death of her child is no contemptible nor ridiculous creature, but a tragic figure as great as your Hamlets and your King Lears.


(Charles Robert Anon, Carta ao “Natal Mercury”, 07–07–1905,
Correspondência (1905–1922), 1, pp. 13–14; em inglês no original)


[ Cada revés e cada desastre do exército ou da armada russos foram de tal modo objecto de chacota entre nós, que parece que não achamos nada mais divertido. Alguns almirantes russos, mesmo depois da sua morte ou captura, fizeram-nos explodir em apupos. O próprio Czar, quando desencorajado pela revolução e pela guerra, e quando em grande sofrimento e dor por causa dos seus exércitos, parece ser tomado pelo povo britânico como uma piada muito divertida.

A nós, ingleses, os mais egocêntricos de todos os homens, nunca ocorreu a ideia de que a infelicidade e a dor enobrecem, por mais desprezíveis e auto-infligidas que sejam. Uma mulher embriagada cambaleando pelas ruas é um espectáculo digno de pena. A mesma mulher, se cair desajeitadamente no seu estado de embriaguez, talvez seja um espectáculo divertido. Mas esta mesma mulher, por mais desajeitada e embriagada que esteja, quando chora a morte de um filho, não é uma criatura desprezível e ridícula, mas sim uma figura trágica, tão grande como os vossos Hamlets e os vossos Reis Lears. ]


(p. 15; trad. Manuela Parreira da Silva, com alterações)


* 14 de Junho, no Calendário Juliano, então em uso na Rússia.

23 abril 2010

394 anos da morte de William Shakespeare (1616) e, talvez, 446 anos do seu nascimento (1564)*

Uma torva e peçonhenta maldade — maldade excessiva mesmo para o coração, tão de ofício viperino, de um editor — levou os srs. Lello & Irmão, não sei [por que] azar póstumo de Shakespeare, a escolher para vítima prolongada aquela, a maior de todas as almas que se têm enganado de mundo. Decidiram fazer passar a Shakespeare tratos de tradutor. E como encontrassem vis e criminosos precedentes, em ambos os lugares onde há más fadas, para que, sem ousadia de originalidade, neles alicerçassem o seu grande crime, escolheram para mestre de obras a figura, doravante laivada de perversão, do dr. Domingos Ramos. [...]

(Fernando Pessoa, “Petição a favor de William Shakespeare, traduzido”, Pessoa Inédito, 93, p. 221)



* A data de nascimento de Shakespeare não é conhecida com exactidão, mas sabe-se que foi baptizado a 26 de Abril, sendo nessa altura habitual o baptismo ocorrer ao segundo ou terceiro dia de vida da criança; a tradição mantém que o escritor morreu no dia do seu 52.º aniversário.
Miguel de Cervantes morreu também a 23 de Abril de 1616, mas note-se que não no mesmo dia de Shakespeare: nessa altura a Inglaterra seguia ainda o calendário juliano, e não o gregoriano (adoptado no mundo católico em 1582), pelo que o autor espanhol morreu 10 dias antes do inglês.