Mostrar mensagens com a etiqueta Estética. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Estética. Mostrar todas as mensagens

16 março 2013

54 anos da morte de António Botto (1959)

António Botto é o único português, dos que conhecidamente escrevem, a quem a designação de esteta se pode aplicar sem dissonância. Com um perfeito instinto ele segue o ideal a que se tem chamado estético, e que é uma das formas, se bem que a ínfima, do ideal helénico. Segue-o, porém, a par de com o instinto, com uma perfeita inteligência, porque os ideais gregos, como são intelectuais, não podem ser seguidos inconscientemente.
[...]
Se tivermos presentes estas considerações na análise do livro de António Botto, não nos será difícil determinar que esse livro representa uma das revelações mais raras e perfeitas do ideal estético, que se podem imaginar.
[...]

(Fernando Pessoa, “António Botto e o Ideal Estético em Portugal”, Crítica, pp. 173 e 180;
publicado originalmente na revista Contemporânea n.º 3, de Julho de 1922)



Meu querido José Pacheco:

Venho escrever-lhe para o felicitar pela sua Contemporânea, para lhe dizer que não tenho escrito nada, e para pôr alguns embargos ao artigo do Fernando Pessoa.
[...]
Ideal estético, meu querido José Pacheco, ideal estético! Onde foi essa frase buscar sentido? E o que encontrou lá quando o descobriu? Não há ideias nem estéticas senão nas ilusões que nós fazemos deles. O ideal é um mito da acção, um estimulante como o ópio ou a cocaína: serve para sermos outros, mas paga-se caro — com o nem sermos quem poderíamos ter sido.
[...]

(Álvaro de Campos, “De Newcastle-on-Tyne Álvaro de Campos Escreve à Contemporânea”, Crítica,
pp. 186–187; publicado originalmente na revista Contemporânea n.º 4, de Outubro de 1922)

30 setembro 2012

Dia Internacional do Direito à Blasfémia*

De que maneira, por que processo reconheceremos o esteta, propriamente tal, na sua obra? Quais são os sinais necessários da aplicação do ideal estético? [...] Como distinguiremos o esteta do [...] revoltado, que procura o pecado só porque é pecado, e blasfema [...] só para ter a consciência da blasfémia? [...]

(Fernando Pessoa, “António Botto e o Ideal Estético em Portugal”, Crítica, p. 179)



* Dia que, desde 2009, celebra o direito à liberdade de expressão, incluindo à crítica e sátira religiosas. A data foi escolhida para coincidir com o aniversário da publicação, em 2005, de uma série de cartoons sobre Maomé num jornal dinamarquês, evento que, meses mais tarde, desencadearia forte polémica no mundo islâmico.

31 março 2011

284 anos da morte de Isaac Newton (1727)

O que há é pouca gente para dar por isso.


óóóó — óóóóóóóóó — óóóóóóóóóóóóóóó

(O vento lá fora).

(Álvaro de Campos, Poesia, 243, p. 587)

22 maio 2010

197 anos do nascimento de Richard Wagner (1813)

Os românticos tentaram juntar. Os interseccionistas procuram fundir. Wagner queria música + pintura + poesia. Nós queremos música x pintura x poesia.

(Fernando Pessoa, Pessoa Inédito, 134, p. 260)

20 maio 2010

1685 anos do início do I Concílio de Niceia, que adoptaria os primeiros dogmas do Cristianismo (325 DC)

Princípios absolutos, e por isso falsos; ridículos e por isso inestéticos

(Barão de Teive, A Educação do Estóico, p. 55)

11 dezembro 2009

Votação do Orçamento de Estado Rectificativo

Eh-lá-hô [...]
Parlamentos, políticas, relatores de orçamentos,
Orçamentos falsificados!
(Um orçamento é tão natural como uma árvore
E um parlamento tão belo como uma borboleta).

(Álvaro de Campos, “Ode Triunfal”, Poesia, 8, p. 85)

31 outubro 2009

Dia Mundial da Poupança

O dinheiro é belo, porque é uma libertação.

(Bernardo Soares, Livro do Desassossego, 295, p. 281)

30 julho 2009

Crítica literária “bulldozer”

Destina-se esta secção à crítica dos maus livros e especialmente à crítica daqueles maus livros que toda a gente considera bons. O livro, consagrado por qualidades que não tem, do homem consagrado por qualidades com que outros o pintaram; o livro daquele que, tendo criado fama, se deitou a fingir que dormia; o livro do que entrou no palácio das musas pela janela ou colheu a maçã da sabedoria com o auxílio dum escadote — tudo isto se pesará na Balança de Minerva.

[...] pretendemos dar a entender que o nosso uso da Balança de Minerva limitar-se-á, na maioria dos casos, a dar com ela — pesos e tudo — na cabeça do criticado. Isso, de resto, não deve preocupar ninguém. Quem tiver de ser imortal pode sê-lo mesmo com a cabeça partida. [...]

(Fernando Pessoa, “Balança de Minerva — Aferição”, Crítica, pp. 91–92)

18 maio 2009

Dia Internacional dos Museus

Atribuo a este estado de alma a minha repugnância pelos museus. O museu, para mim, é a vida inteira, em que a pintura é sempre exacta, e só pode haver inexactidão na imperfeição do contemplador.

(Bernardo Soares, “O Amante Visual”, Livro do Desassossego, p. 466)

11 abril 2009

Construção selvagem

Deixem ver o Portugal que não deixam ver!

(Álvaro de Campos, Poesia, 21, p. 145)

04 março 2009

Dia Mundial da Matemática

O binómio de Newton é tão belo como a Vénus de Milo.
O que há é pouca gente para dar por isso.

(Álvaro de Campos, Poesia, 243, p. 587)