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09 novembro 2012

74 anos da Kristallnacht, noite de violência antijudaica por toda a Alemanha Nazi (1938)

Abram todas as portas!
Partam os vidros das janelas!

(Álvaro de Campos, “Saudação a Walt Whitman”, Poesia, 24p, p. 182)

23 anos da queda do Muro de Berlim (1989)

Grande libertador
Que arrasaste os muros da cadeia velha

(Álvaro de Campos, “A Partida”, Poesia, 27o, p. 233)

22 outubro 2012

67 anos da criação da PIDE, sucedendo à PVDE (1945)

Ah, a opressão de tudo isto!

(Álvaro de Campos, “Vilegiatura”, Poesia, 199, p. 511)

30 setembro 2012

Dia Internacional do Direito à Blasfémia*

De que maneira, por que processo reconheceremos o esteta, propriamente tal, na sua obra? Quais são os sinais necessários da aplicação do ideal estético? [...] Como distinguiremos o esteta do [...] revoltado, que procura o pecado só porque é pecado, e blasfema [...] só para ter a consciência da blasfémia? [...]

(Fernando Pessoa, “António Botto e o Ideal Estético em Portugal”, Crítica, p. 179)



* Dia que, desde 2009, celebra o direito à liberdade de expressão, incluindo à crítica e sátira religiosas. A data foi escolhida para coincidir com o aniversário da publicação, em 2005, de uma série de cartoons sobre Maomé num jornal dinamarquês, evento que, meses mais tarde, desencadearia forte polémica no mundo islâmico.

13 agosto 2012

51 anos do início da construção do Muro de Berlim (1961)

O olhar não atravessa os muros da sombra,

(Álvaro de Campos, Poesia, 25, p. 190)

20 junho 2012

Dia Mundial do Refugiado

Aguarela de Hermenegildo Sábat
(Fonte: Público)

21 janeiro 2012

Campanhas anti-Maçonaria: em boa companhia

De resto, têm os srs. deputados a prova prática em o que tem sucedido noutros países onde se tem pretendido suprimir as Obediências maçónicas. Ponho de parte o caso da Rússia, porque não sei concretamente o que ali se passou: sei apenas que os Sovietes, corno todo o comunismo, são violentamente anti-maçónicos e que perseguiram a Maçonaria; e também sei que pouco teriam que perseguir pois na Rússia quase não havia Maçonaria. Considerarei os casos da Itália, da Espanha e da Alemanha.

Mussolini procedeu contra a Maçonaria, isto é, contra o Grande Oriente de Itália mais ou menos nos termos pagãos do projecto do Sr. José Cabral. Não sei se perseguiu muita gente, nem me importa saber. O que sei, de ciência certa, é que o Grande Oriente de Itália é um daqueles mortos que continuam de perfeita saúde. Mantém-se, concentra-se, tem-se depurado, e lá está à espera; se tem em que esperar é outro assunto. O camartelo do Duce pode destruir o edifício do comunismo italiano; não tem força para abater colunas simbólicas, vazadas num metal que procede da Alquimia.

Primo de Rivera procedeu mais brandamente, conforme a sua índole fidalga, contra a Maçonaria Espanhola. Também sei ao certo qual foi o resultado — o grande desenvolvimento, numérico como político, da Maçonaria em Espanha. Não sei se alguns fenómenos secundários, como, por exemplo, a queda da Monarquia, teriam qualquer relação com esse facto.

Hitler, depois de se ter apoiado nas três Grandes Lojas cristãs da Prússia, procedeu segundo o seu admirável costume ariano de morder a mão que lhe dera de comer. Deixou em paz as outras Grandes Lojas — as que o não tinham apoiado nem eram cristãs e, por intermédio de um tal Goering, intimou aquelas três a dissolverem-se. Elas disseram que sim — aos Goerings diz-se sempre que sim — e continuaram a existir. Por coincidência, foi depois de se tomar essa medida que começaram a surgir cisões e outras dificuldades adentro do partido nazi. A história, como o Sr. José Cabral deve saber, tem muitas destas coincidências.

(Fernando Pessoa, “Associações Secretas”, Da República (1910–1935), 132, pp. 395–396)

14 janeiro 2012

O eterno retorno da polémica anti-Maçonaria

Estreou-se a Assembleia Nacional, do ponto de vista legislativo, com a apresentação, por um deputado, de um projecto de lei sobre «associações secretas». De tal ordem é o projecto, tanto em natureza como em conteúdo, que não há que felicitar o actual Parlamento por lhe ter sido dada essa estreia. Antes que dizer-lhe Absit omen!, ou seja, em português, Longe vá o agouro!

Apresentou o projecto o Sr. José Cabral, que, se não é dominicano, deveria sê-lo, de tal modo o seu trabalho se integra, em natureza, como em conteúdo, nas melhores tradições dos Inquisidores. O projecto, que todos terão lido nos jornais, estabelece várias e fortes sanções (com excepção da pena de morte) para todos quantos pertençam ao que o seu autor chama «associações secretas, sejam quais forem os seus fins e organização».

Dada a latitude desta definição, e considerando que por «associação» se entende um agrupamento de homens, ligados por um fim comum, e que por «secreto» se entende o que, pelo menos parcialmente, se não faz à vista do público, ou, feito, se não torna inteiramente público, posso, desde já, denunciar ao Sr. José Cabral uma associação secreta — o Conselho de ministros. De resto, tudo quanto de sério ou de importante se faz em reunião neste mundo, faz-se secretamente. Se não reúnem em público os Conselhos de ministros, também não o fazem as direcções dos partidos políticos, as tenebrosas figuras que orientam os clubes desportivos ou os sinistros comunistas que tornam os conselhos de administração das companhias comerciais e industriais.

(Fernando Pessoa, “Associações Secretas”, Da República (1910–1935), 132, pp. 391–392)

18 dezembro 2011

1 ano da auto-imolação do tunisino Mohamed Bouazizi, início de uma série de protestos e revoluções pelo Médio Oriente e Norte de África (2010)

Eh-lá-hô revoluções aqui, ali, acolá,

(Álvaro de Campos, “Ode Triunfal”, Poesia, 8, p. 88)

07 novembro 2011

94 anos da Revolução Bolchevique (1917)*

Tu, escravatura russa, Europa de malaios, libertação de mola desoprimida porque se partiu!

(Álvaro de Campos, “Ultimatum”, Prosa Publicada em Vida, p. 281)


* 25 de Outubro, no Calendário Juliano, então em uso na Rússia.

23 agosto 2011

Dia Europeu de Recordação da Vítimas dos Regimes Totalitários e Autoritários

Coitadinho
Do tiraninho!
O meu vizinho
Está na Guiné
E o meu padrinho
No Limoeiro
Aqui ao pé,
E ninguém sabe porquê.

(Fernando Pessoa, Poesia (1931–1935 e não datada), p. 380)

04 junho 2011

Véspera de eleições

[...] Esta opressão, que todos nós sentimos, esta vergonha de estarmos sendo governados por bacalhoeiros da política, [...]

(Fernando Pessoa, “Carta a um Herói Estúpido”, Da República (1910–1935), 82, p. 195)

21 janeiro 2011

61 anos da morte de George Orwell (1950)

Que milagre nos salvará da sinistra mania de ter razão?

(Bernardo Soares, Livro do Desassossego (Presença), vol. I, p. 244)

24 novembro 2010

378 anos do nascimento de Baruch Espinosa (1632)

Spinoza. Here at last the genius appears, true genius, having that which Descartes had not, the fearlessness and the lack of respect for the established. Honours to the master-thinker who, prosecuted, hated, accurst, stood by truth, lived for truth, suffered for (the sake of) truth!

(Fernando Pessoa, Textos Filosóficos, vol. II, p. 203; em inglês no original)


[ Espinosa. Aqui finalmente surge o génio, verdadeiro génio, tendo aquilo que Descartes não tinha, a temeridade e a falta de respeito pelo estabelecido. Honras ao mestre-pensador que, perseguido, odiado, maldito, manteve-se com a verdade, viveu para a verdade, sofreu em prol da verdade! ]

14 setembro 2010

143 anos da publicação do volume I de O Capital, de Karl Marx (1867)

A liberdade individual não pode existir senão depois de conquistada a liberdade social, e, principalmente, a económica. [...]
Ora a liberdade económica existe pela existência do capital. É impossível universalmente; e o socialismo, em vez de ser uma libertação económica, é uma ausência completa de liberdade. O socialismo torna extensivo a toda a gente o servismo da maioria. Não são os escravos que querem libertar-se: são os escravos que querem escravizar tudo. Se eu sou corcunda, sejam todos corcundas.

(Fernando Pessoa, “Diálogos sobre a Tirania”, Ultimatum e Páginas de Sociologia Política, 77, p. 333)

13 agosto 2010

49 anos do início da construção do Muro de Berlim (1961)

Mais terrível de que qualquer [outro] muro, pus grades altíssimas a demarcar o jardim do meu ser, de modo que, vendo perfeitamente os outros, perfeitissimamente eu os excluo e mantenho outros.

(Bernardo Soares, Livro do Desassossego, 120, p. 142)

07 agosto 2010

216 anos do último auto-de-fé em Lisboa (1794)

[...] A Inquisição, que queimava os infiéis e os suspeitos; as perseguições religiosas, que exterminavam os contrários — nada disso é tirania religiosa: tudo isso é tirania política. A tirania religiosa é outra, de mais subtil e depravada espécie. A tirania religiosa é de índole hereditária e pedagógica. Cada vez que, opresso pela vida e posto à prova pela amargura, me lembro, no auge da minha angústia, de rezar, de recorrer à ideia de Cristo — então sou servo da verdadeira tirania religiosa. [...] A tirania religiosa é esta, é isto. A outra, que queima infiéis e escorraça pagãos, essa, como te disse, é tirania política exercida em nome da religião. Onde a religião deixa de ter força política, essa tirania deixa de existir.

(Fernando Pessoa, “5 Diálogos”, Ultimatum e Páginas de Sociologia Política, 75, p. 331)

19 março 2010

77 anos do “plebiscito” à Constituição de 1933 (Estado Novo)

Mais valia publicar um decreto-lei que rezasse assim:
Art. 1. António de Oliveira Salazar é Deus.
Art. 2. Fica revogado tudo em contrário e nomeadamente a Bíblia.

Ficava assim legalmente instituído o sistema que deveras nos governa, o autêntico Estado Novo — a Teocracia pessoal.

[...]

Miserrimam servitutem pacem appelant.*


(Fernando Pessoa, Pessoa Inédito, 223, p. 367)


* Pedem uma paz misérrima de servidão.

14 março 2010

518 anos da ordem de expulsão dos judeus e muçulmanos de Espanha (1492)

[...] A única inquisição que há hoje é a estupidez...

(Fernando Pessoa, “5 Diálogos”, Ultimatum e Páginas de Sociologia Política, 75, p. 331)

21 fevereiro 2010

162 anos do Manifesto do Partido Comunista (1848)

Ao contrário do catolicismo, o comunismo não tem uma doutrina. Enganam-se os que supõem que ele a tem. O catolicismo é um sistema dogmático perfeitamente definido e compreensível, quer teologicamente, quer sociologicamente. O comunismo não é um sistema: é um dogmatismo sem sistema — o dogmatismo informe da brutalidade e da dissolução. Se o que há de lixo moral e mental em todos os cérebros pudesse ser varrido e reunido, e com ele se formar uma figura gigantesca, tal seria a figura do comunismo, inimigo supremo da liberdade e da humanidade, como o é tudo quanto dorme nos baixos instintos que se escondem em cada um de nós.

O comunismo não é uma doutrina porque é uma anti-doutrina, ou uma contra-doutrina. Tudo quanto o homem tem conquistado, até hoje, de espiritualidade moral e mental — isto é de civilização e de cultura —, tudo isso ele inverte para formar a doutrina que não tem.

(Fernando Pessoa, Textos Filosóficos, vol. I, IV, 50, pp. 141–142)