29 novembro 2011

137 anos do nascimento de António Egas Moniz, Prémio Nobel da Medicina (1874)

Desfeito o meu cérebro,
Em coisa abstracta, impessoal, sem forma,
Já não sente o eu que eu tenho,
Já não pensa com o meu cérebro os pensamentos que eu sinto meus,
Já não move pela minha vontade as minhas mãos que eu movo.

(Alberto Caeiro, “Poemas Inconjuntos”, 14, Poemas Completos de Alberto Caeiro, p. 120)

27 novembro 2011

Iconografia pessoana

Praça Cidade do Luso (Lisboa)
Escultura de José João Brito

25 novembro 2011

36 anos do golpe militar que pôs fim ao PREC, Processo Revolucionário em Curso (1975)

Todo o grande partido político de oposição, ou seja, todo o partido de oposição que adquire vulto bastante para subverter um regime ou parte dele, se forma com a congregação de três elementos distintos, e não está completo, nem apto para efectuar o intuito, em torno do qual se gerou, senão quando efectivamente congrega todos esses elementos.

Esses três elementos são: um pequeno grupo de idealistas cujas ideias se infiltram abstractamente por vária gente inactiva; um grupo maior de homens de acção, atraídos pelos elementos activos e combativos do partido, e já distante psiquicamente de todo o idealismo propriamente dito; um grupo máximo de indivíduos violentos e indisciplinados, uns sinceros, outros meio sinceros, outros ainda pseudo-sinceros, que, por sua própria natureza de indisciplinados e violentos, ou desadaptados do meio, naturalmente se agregam a toda a fórmula Política que está numa oposição extrema.

Quando o regime ou fórmula, que assim formou partido, conquista o poder, desaparecem os idealistas, pelo menos na sua acção, que acabou historicamente com a realização; assumem o poder os homens práticos, os anónimos derivados dos idealistas e os mais elementos. Agregam-se, formando com estes últimos um pacto instintivo, os que querem comer do regime real. Tal é a história de todas as revoluções; por alto que seja o ideal de onde se despenharam, vêm sempre ter ao mesmo vale da sordidez humana.

Forma-se uma ditadura de inferiores. Um período revolucionário é sempre uma ditadura de inferiores.

(Fernando Pessoa, “Interregno”, Da República (1910–1935), 128, p. 383)

24 novembro 2011

Iconografia pessoana

Caricatura de Gustavo Duarte

22 novembro 2011

Piada

God is God’s best joke.

[ Deus é a melhor piada de Deus. ]

(Fernando Pessoa, Aforismos e afins, p. 28; em inglês no original; a tradução é nossa)

20 novembro 2011

204 anos da entrada de Junot em Portugal, início da Primeira Invasão Francesa (1807)

[...] O «mal-francês» é o mal produzido pelos franceses, isto é, as invasões francesas. Depois delas ficou Portugal em subordinação da Inglaterra, a «leoa», em cujo poder receia o Bandarra que Portugal fique. [...]

(Fernando Pessoa, “Trovas do Bandarra”,
Sobre Portugal — Introdução ao Problema Nacional, 43, p. 153)

17 novembro 2011

Dia Mundial da Filosofia

«Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...»
«A. Caeiro»
Ilustração de Neuza Monteiro


(Alberto Caeiro, “O Guardador de Rebanhos, II”, Poemas Completos de Alberto Caeiro, p. 44)

15 novembro 2011

97 anos da morte de Sacadura Cabral (1924)

SACADURA CABRAL


No frio mar do alheio Norte,
Morto, quedou,
Servo da Sorte infiel que a sorte
Deu e tirou.

Brilha alto a chama que se apaga.
A noite o encheu.
De estranho mar que estranha plaga,
Nosso, o acolheu?

Floriu, murchou na extrema haste;
Jóia do ousar,
Que teve por eterno engaste
O céu e o mar.

(Fernando Pessoa, Poesia (1918–1930), pp. 222–223)

14 novembro 2011

163 anos da inauguração do Hospital de Rilhafoles, actual Hospital Miguel Bombarda (1848)

Peace! let the sane be set on that side and the mad on this side.

(Alexander Search, Poesia, 70, p. 144; em inglês no original)




[ Silêncio! Que os sãos fiquem daí e os loucos deste lado. ]

(p. 145; trad. Luísa Freire)

11 novembro 2011

93 anos do fim da I Guerra Mundial (1918)

[...] o conflito entre a Brutalidade, representada pelos Alemães, e a Estupidez, que os Aliados encarnavam. [...]

(Fernando Pessoa, “Cinco Diálogos”, Ultimatum e Páginas de Sociologia Política, 65, p. 317)

09 novembro 2011

Iconografia pessoana

Mulher de costas, vestida com túnica feita de páginas de um livro A mesma mulher afasta-se, subindo uma duna
Série «Pegadas do Desassossego»
Fotografias de Mar Caldas

07 novembro 2011

94 anos da Revolução Bolchevique (1917)*

Tu, escravatura russa, Europa de malaios, libertação de mola desoprimida porque se partiu!

(Álvaro de Campos, “Ultimatum”, Prosa Publicada em Vida, p. 281)


* 25 de Outubro, no Calendário Juliano, então em uso na Rússia.

05 novembro 2011

Desemprego

[...] Os governos têm sido de uma notável incapacidade na solução dos principais problemas com que têm sido confrontados — o problema industrial propriamente dito, o problema do desemprego, o próprio problema do alojamento. [...]

(Álvaro de Campos, Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação, 415)

02 novembro 2011

Dia dos “Fiéis Defuntos”

Os mortos! Que prodigiosamente
E com que horrível reminiscência
Vivem na nossa recordação deles!

(Álvaro de Campos, Poesia, 14, p. 102)

01 novembro 2011

Pessoa, sempre — todos os dias: Novembro de 2011

Calendário pessoano: Novembro de 2011
Os ícones de cada dia foram adaptados dos do Labirinto do site MultiPessoa.