15 novembro 2011

97 anos da morte de Sacadura Cabral (1924)

SACADURA CABRAL


No frio mar do alheio Norte,
Morto, quedou,
Servo da Sorte infiel que a sorte
Deu e tirou.

Brilha alto a chama que se apaga.
A noite o encheu.
De estranho mar que estranha plaga,
Nosso, o acolheu?

Floriu, murchou na extrema haste;
Jóia do ousar,
Que teve por eterno engaste
O céu e o mar.

(Fernando Pessoa, Poesia (1918–1930), pp. 222–223)