Mostrar mensagens com a etiqueta Literatura. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Literatura. Mostrar todas as mensagens

08 março 2013

Dia Internacional da Mulher

[...] The women of Dickens are cardboard and sawdust to pack his men to us on the voyage from the space of dream. The joy and zest of life does not include woman [...].

Dickens’ women are dolls, but all women are dolls. As some thinkers upheld it at Nicea (?), women have no souls. Their existence is bi-dimensional to the tri-dimensional psychism of men. Women are merely ornaments to man’s life — of his life as an animal, as enabling him to satisfy an instinct, of his life as a social being, as enabling him to continue the society he lives in and, working for, creates anew, of his life as an intellectual being as a decorative part of the outer world, with landscapes, china, pictures, old furniture... [...]


(Fernando Pessoa, “Charles Dickens”, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, IX, 8, pp. 308–309;
em inglês no original)



[ [...] As mulheres de Dickens são cartão e serradura para acondicionar os seus homens na viagem desde os espaços oníricos. Na alegria e entusiasmo da vida não há lugar para a mulher [...].

As mulheres de Dickens são bonecas, mas todas as mulheres, afinal, o são. Como alguns pensadores afirmaram em Niceia (?), as mulheres não têm alma. A sua existência é bidimensional comparada com o psiquismo tridimensional do homem. As mulheres são meros ornamentos da vida do homem — da sua vida como animal, na medida em que lhe permite satisfazer um instinto, da sua vida como ser social, na medida em que lhe permite continuar a sociedade em que vive e que recria ao contribuir para ela, da sua vida como ser intelectual, como parte decorativa do mundo externo, com paisagens, louças, quadros, mobiliário antigo... [...] ]


(idem, p. 310; trad. Jorge Rosa)

21 fevereiro 2013

88 anos da publicação do primeiro número da revista The New Yorker (1925)

Livro com a inscrição 'Pessoa' na capa
The New Yorker, edição de 16&23 de Junho de 2003 (p. 101)
Ilustração de autor não identificado

04 fevereiro 2013

214 anos do nascimento de Almeida Garrett (1799)

[...] the sum and whole of Portuguese literature is hardly literature and scarcely ever Portuguese. It is Provençal, Italian, Spanish and French, occasionally English, in some people, like Garrett, who knew enough French to read bad French translations of inferior English poems and go right when they go wrong on that. [...]

(Fernando Pessoa, Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação, 140; em inglês no original)



[ [...] o conjunto da literatura portuguesa dificilmente é literatura e quase nunca é portuguesa. É provençal, italiana, espanhola e francesa, ocasionalmente inglesa, em alguns, como Garrett, que sabia o francês bastante para ler más traduções francesas de poemas ingleses inferiores e acertar quando eles erram. [...] ]

(idem, 148)

21 dezembro 2012

207 anos da morte de Manuel Maria Barbosa du Bocage (1805)

[...] the over-rated and insupportable Bocage [...]

(Fernando Pessoa, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, X, 4, p. 331; em inglês no original)



[ [...] o exageradamente apreciado e insuportável Bocage [...] ]

(idem, p. 333; trad. Jorge Rosa)

09 dezembro 2012

404 anos do nascimento de John Milton (1608)

Milton is the example of the union of great genius and great talent. He has the intuition of genius and the formative power of talent. He had no wit; he was, in fact, a pedant. But he had the pedant’s firm, though heavy, will.

(Fernando Pessoa, “Erostratus”, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias,
VIII, 4, p. 171; em inglês no original)



[ Milton é o exemplo da união de grande génio e grande talento. Tem a intuição do génio e o poder formativo do talento. Não tinha qualquer espírito; era, até, pedante. Mas tinha a vontade firme, embora pesada, do pedante. ]

(idem, p. 218; trad. Jorge Rosa, com alterações)

30 novembro 2012

112 anos da morte de Oscar Wilde (1900)

[...] A prática da pederastia, embora nem sempre fácil [...], é contudo mais fácil que a produção de uma segunda Salomé.

(Fernando Pessoa, “A Imoralidade das Biografias”, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, VI, 12, p. 132)

22 novembro 2012

49 anos da morte de Aldous Huxley (1963)

[...] There is perhaps more wisdom, or worldly wisdom, as such, in a book by Aldous Huxley than in all [Edmund] Spenser. But Spenser will be remembered, though unread, a thousand years from now; and for Aldous Huxley there will be neither reading nor remembering.

(Fernando Pessoa, “Erostratus”, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias,
VIII, 6, p. 173; em inglês no original)



[ [...] Há, talvez, mais sabedoria, ou sabedoria do mundo como tal, num livro de Aldous Huxley do que em toda a obra de [Edmund] Spenser. Mas Spenser será lembrado, embora ninguém o leia, daqui a mil anos; enquanto que Aldous Huxley, esse ninguém o lerá nem se lembrará dele. ]

(idem, pp. 220–221; trad. Jorge Rosa)

20 novembro 2012

102 anos da morte de Lev Tolstoi (1910)

[...] De resto — admito — [...], quanto ao Tolstoi, basta ser russo para eu ter dificuldade em dar por ele.

(Fernando Pessoa, Correspondência (1923–1935), 123, p. 247)



* 7 de novembro, segundo o calendário juliano, então em uso na Rússia.

18 outubro 2012

Escrita: supérfluo vs. necessário

Quem escreve para obter o supérfluo como se escrevesse para obter o necessário, escreve ainda pior do que se para obter apenas o necessário escrevesse.

(Fernando Pessoa, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, VI, 8, p. 126)

11 outubro 2012

Prémio Nobel da Literatura

I must write my book. I dread what the truth may be. Yet, be it bad, I have to write it. God get the truth be not bad!

I should like to have written this in better style, but my power of writing is gone.


(Fernando Pessoa, Pessoa por Conhecer, vol. II, 49, p. 77; em inglês no original)




[ Tenho de escrever o meu livro. Tremo de pensar qual possa ser a verdade. Mas, por má que seja, tenho que escrevê-lo. Queira Deus que a verdade não seja má!

Gostaria de ter escrito isto num melhor estilo, mas a minha capacidade para escrever foi-se. ]


(idem; tradução com alterações)

30 setembro 2012

Dia Internacional da Tradução

[...] uma tradução é perfeita quando parece não ser uma tradução) [...]

(Fernando Pessoa, Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação, 177)

14 setembro 2012

691 anos da morte de Dante Alighieri (1321)

Epics fundamentally dealing with religion can attain a full splendour only when that religion ceases to be of importance (loses its own importance). We delight in Athene because we are (perhaps precipitately) convinced that she did not exist. Paradise Lost is different. No one believes in Adam and Eve, but there are matters of controversy about the Trinity.

Dante has stood greatness better, for in the Protestant countries he is mere fable, and in the Catholic countries there is no religion.


(Fernando Pessoa, “Erostratus”, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, VIII, 38, p. 211;
em inglês no original)



[ As epopeias que se prendem fundamentalmente com a religião só podem atingir pleno esplendor quando essa religião deixa de ser importante (perde a sua própria importância). Deleitamo-nos em Atena por (talvez precipitadamente) estarmos convencidos de que ela não existiu. O Paraíso Perdido é diferente. Ninguém acredita em Adão e Eva, mas existem pontos controversos acerca da Trindade.

Dante resistiu melhor à grandeza, pois nos países protestantes é mera fábula, e nos países católicos não há religião. ]


(idem, p. 260; trad. Jorge Rosa)

11 setembro 2012

121 anos do suicídio de Antero de Quental (1891)

Um grande artista (literário) nota-se aplicando-lhe a seguinte pergunta crítica: tem paixão ou imaginação ou pensamento? [...] Os sonetos de Antero têm sempre pensamento, às vezes imaginação, paixão nunca [...].

(Fernando Pessoa, “Estética”, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, VI, 6, p. 122)

26 julho 2012

156 anos do nascimento de George Bernard Shaw (1856)

Shaw’s capital fault — the capital fault of any man who may want to be considered an artist — is that he has no poetry in him. This means that he has no humanity in him.
Shaw is more like the founder of a religion than like a creator of literature, which, at any rate, he is not. He is not a [John Millington] Synge, nor even a Wilde. He has not the unopinions for that. [...]


(Fernando Pessoa, “Erostratus”, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, VIII, 24, p. 196;
em inglês no original)



[ O defeito capital de Shaw — o defeito capital de qualquer homem que pretenda ser considerado artista — é não ter poesia, o que significa que não há nele humanidade.
Shaw parece mais o fundador de uma religião do que um criador de literatura, o que, aliás, não é. Não é um [John Millington] Synge, nem sequer um Wilde. Não tem as não-opiniões para tanto. [...] ]


(idem, p. 245; trad. Jorge Rosa, com alterações)

09 junho 2012

143 anos da morte de Charles Dickens (1870)

To read Dickens is to obtain a mystic vision — but, though he claims so often to be Christian, it has nothing to do with the Christian vision of the world. [...]

(Fernando Pessoa, “Charles Dickens”, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias,
IX, 8, p. 308; em inglês no original)



[ Ler Dickens é ter uma visão mística — mas, embora ele se intitule tão frequentemente cristão, essa visão nada tem que ver com a visão cristã do mundo. [...] ]

(idem, p. 310; trad. Jorge Rosa)

22 maio 2012

127 anos da morte de Victor Hugo (1885)

A poesia de V. Hugo é apenas a glorificação de lugares-comuns.

(Fernando Pessoa, “Victor Hugo”, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, IX, 13, p. 319)

08 abril 2012

Páscoa

Mr. Pickwick belongs to the sacred figures of the world’s history. Do not, please, claim that he has never existed: the same thing happens to most of the world’s sacred figures, and they have been living presences to a vast number of consoled wretches. So, if a mystic can claim a personal acquaintance and clear vision of the Christ, a human man can claim personal acquaintance and a clear vision of Mr. Pickwick.

(Fernando Pessoa, “Charles Dickens”, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias,
IX, 8, pp. 307–308; em inglês no original)




[ O Sr. Pickwick pertence às figuras sagradas da história do mundo. Por favor, não me venham dizer que nunca existiu: o mesmo sucede com a maior parte das figuras sagradas do mundo que, no entanto, têm sido presenças vivas para número enorme de míseros consolados. Assim, se um místico pode reivindicar o conhecimento pessoal e uma clara visão de Cristo, um homem humano pode reivindicar o conhecimento pessoal e uma visão clara do Sr. Pickwick. ]

(idem, p. 309; trad. Jorge Rosa)

01 abril 2012

Dia das Mentiras

EH-LÀ!


Acaba de publicar-se o terceiro número de ORPHEU.
Esta revista é, hoje, a única ponte entre Portugal e a Europa, e, mesmo, a única razão de vulto que Portugal tem para existir como nação independente.
Ler ORPHEU é o único acto civilizado que é possível praticar hoje em Portugal, excepto o suicídio com ordem de incineração no testamento.
Comprar ORPHEU é regressar de África. Compreender ORPHEU é ter voltado de lá já há muito tempo.
Comprar ORPHEU é, enfim, ajudar a salvar Portugal da vergonha de não ter tido senão a literatura portuguesa. ORPHEU é todas as literaturas.
À venda em todas as livrarias.
Preço 50 centavos
(em português: 500 réis)

(Fernando Pessoa, Pessoa Inédito, 126, p. 254)

23 fevereiro 2012

191 anos da morte de John Keats (1821)

Keats is a poet of a higher type than Shakespeare, yet Keats was not greater than Shakespeare. Keats was a creator; Shakespeare was only an interpreter. But Keats ranks relatively low in the ranks of the creators; whereas Shakespeare ranks very high — he ranks first, I believe — in the number of interpreters.

(Fernando Pessoa, “Impermanence”, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias,
VIII, 45, p. 273; em inglês no original)




[ Keats é um poeta de tipo superior ao de Shakespeare; no entanto, não o superou. Keats era criador; Shakespeare era apenas um intérprete. Mas Keats tem um lugar relativamente baixo entre os criadores; enquanto que Shakespeare tem um lugar muito alto — o primeiro, creio, entre os intérpretes. ]

(idem, p. 274; trad. Jorge Rosa)

09 fevereiro 2012

131 anos da morte de Fiódor Dostoiévski (1881)

Tudo mais é estúpido como um Dostoievski ou um Gorki.

(Álvaro de Campos, Poesia, 64, p. 298)



* 28 de janeiro, segundo o calendário juliano, então em uso na Rússia.