(Ricardo Reis, Prosa, 74, p. 243)
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19 fevereiro 2013
Ranço
O ancien régime intelectual ainda hoje pesa sobre nós.
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* Ricardo Reis,
Heterónimos e afins,
Inteligência/Intelecto
07 agosto 2011
217 anos do último auto-de-fé em Lisboa (1794)
O que hoje prepondera em todo o mundo é o ódio à Inteligência.
(Bernardo Soares, Livro do Desassossego (Presença), vol. I, p. 230)
30 abril 2011
A função social da dúvida
A função do escol não é orientar, porque é duvidar, e com a dúvida não se orienta. A sua função é criar uma atmosfera de inteligência, de cultura livre, por meio da qual os fanáticos sintam o seu fanatismo mais atenuado, os seguros de si hesitem de vez em quando, os que trazem a verdade na algibeira vão de vez em quando verificar se ela está lá.
(Fernando Pessoa, Fernando Pessoa: O Guardador de Papéis, p. 258)
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16 fevereiro 2011
Ciência, Religião e Moral
A ciência é a única força intelectual moderna — a única coisa capaz de se opor ao ensimesmamento cristão e romântico.
Curioso é que haja quem se lembre de propor a religião, a moral — factos sentimentais — como disciplinas. A disciplina é intelectual. A inteligência é a disciplina do indivíduo. Deve sê-lo da sociedade também.
Curioso é que haja quem se lembre de propor a religião, a moral — factos sentimentais — como disciplinas. A disciplina é intelectual. A inteligência é a disciplina do indivíduo. Deve sê-lo da sociedade também.
(Ricardo Reis, Prosa, 71, p. 239)
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25 janeiro 2011
Os intelectuais e a política
A função da inteligência é renegar as paixões. Todo o intelectual político é político mas não intelectual. A sua inteligência vale, no caso, como a de um comerciante em seu comércio: serve um lucro, não um dever. O ser o lucro abstracto ou translato nada tira ao crime essencial.
(Fernando Pessoa, Fernando Pessoa: O Guardador de Papéis, p. 258)
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Política
05 julho 2010
05 de Julho de 1932: Salazar, o “Ditador da Finanças”, assume a chefia do Governo
O Prof. Salazar tem, em altíssimo grau, as qualidades secundárias da inteligência e da vontade. É o tipo do perfeito executor das ordens de quem tenha as primárias.
O chefe do Governo tem uma inteligência lúcida e precisa; não tem uma inteligência criadora ou dominadora. Tem uma vontade firme e concentrada, não a tem irradiante e segura. É um tímido quando ousa, e um incerto quando afirma. Tudo quanto faz se ressente dessa penumbra dos Reis malogrados.
Quando muito, na escala da governação pública, poderia ser o mordomo do país.
[...]
O Chefe do Governo não é um estadista: é um arrumador. Para ele o país não se compõe de homens, mas de gavetas. Os problemas do trabalho e da miséria, como há ele de entendê-los, se os pretende resolver por fichas soltas e folhas móveis?
A alma humana é irredutível a um sistema de deve e haver. É-o, acentuadamente, a alma portuguesa.
Às vezes aproxima-se do povo, de onde saiu. E traz-lhe uma ternura de guarda-livros em férias, que sente que preferiria afinal estar no escritório.
É sempre e em tudo um contabilista, mas só um contabilista. Quando vê que o país sofre, troca as rubricas e abre novas contas. Quando sente que o país se queixa, faz um estorno. A conta fica certa.
O Prof. Salazar é um contabilista. A profissão é eminentemente necessária e digna. Não é, porém, profissão que tenha implícitas directivas. Um país tem que governar-se com contabilidade, não deve governar-se por contabilidade.
Assistimos à cesarização de um contabilista.
O chefe do Governo tem uma inteligência lúcida e precisa; não tem uma inteligência criadora ou dominadora. Tem uma vontade firme e concentrada, não a tem irradiante e segura. É um tímido quando ousa, e um incerto quando afirma. Tudo quanto faz se ressente dessa penumbra dos Reis malogrados.
Quando muito, na escala da governação pública, poderia ser o mordomo do país.
[...]
O Chefe do Governo não é um estadista: é um arrumador. Para ele o país não se compõe de homens, mas de gavetas. Os problemas do trabalho e da miséria, como há ele de entendê-los, se os pretende resolver por fichas soltas e folhas móveis?
A alma humana é irredutível a um sistema de deve e haver. É-o, acentuadamente, a alma portuguesa.
Às vezes aproxima-se do povo, de onde saiu. E traz-lhe uma ternura de guarda-livros em férias, que sente que preferiria afinal estar no escritório.
É sempre e em tudo um contabilista, mas só um contabilista. Quando vê que o país sofre, troca as rubricas e abre novas contas. Quando sente que o país se queixa, faz um estorno. A conta fica certa.
O Prof. Salazar é um contabilista. A profissão é eminentemente necessária e digna. Não é, porém, profissão que tenha implícitas directivas. Um país tem que governar-se com contabilidade, não deve governar-se por contabilidade.
Assistimos à cesarização de um contabilista.
(Fernando Pessoa, Pessoa Inédito, 222, p. 366)
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