Mostrar mensagens com a etiqueta Teatro. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Teatro. Mostrar todas as mensagens

27 março 2013

Dia Mundial do Teatro

Três publicações, afora a nossa, nasceram há pouco para a pretensão de serem lidas.
Uma é a «revista de arte» Teatrália, [...]
[...]
A primeira é especialmente adorável.
É proveniente da iniciativa dos alunos da Escola da Arte de Representar. E é ante-simpática ao mero ainda-não leitor dela porque nos enreda logo com uma vantagem — que os alunos da dita escola enquanto escrevem não representam.
O conhecimento da revista é, porém, um pouco ensombrador desta vantagem antevista. É talvez, e apesar de tudo, melhor que os alunos representem.

(Fernando Pessoa, “3”, Crítica, p. 84)

«Sou do tamanho do que vejo» (Peripécia Teatro)

26 novembro 2012

103 anos do nascimento de Eugène Ionesco (1909)

APOTEOSE DO ABSURDO


Falo a sério e tristemente; este assunto não é para alegria, porque as alegrias do sonho são contraditórias e entristecidas e por isso aprazíveis de uma misteriosa maneira especial.

Sigo às vezes em mim, imparcialmente, essas coisas deliciosas e absurdas que eu não posso poder ver, porque são ilógicas à vista — pontes sem donde nem para onde, estradas sem princípio nem fim, paisagens invertidas [] — o absurdo, o ilógico, o contraditório, tudo quanto nos desliga e afasta do real e do seu séquito disforme de pensamentos práticos e sentimentos humanos e desejos de acção útil e profícua. O absurdo salva de chegar apesar do tédio àquele estado de alma em que começa por se sentir a doce fúria de sonhar.

E eu chego a ter não sei que misterioso modo de visionar esses absurdos — não sei explicar, mas eu vejo essas coisas inconcebíveis à visão.

(Bernardo Soares, Livro do Desassossego, 371, p. 337)

23 abril 2012

396 anos da morte de William Shakespeare (1616) e, talvez, 448 anos do seu nascimento (1564)*

Shakespeare was admired in his time as a wit, not as a man of genius. How could he be admired as a man of genius? It was the creator of Falstaff that could be understood; the creator of Hamlet could not be. [...]

(Fernando Pessoa, “Erostratus”, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias,
VIII, 4, p. 170; em inglês no original)



[ Shakespeare no seu tempo era admirado por espirituoso, não como homem de génio. Como podia ele ser admirado como homem de génio? O criador de Falstaff podia ser compreendido, mas não o criador de Hamlet. [...] ]

(idem, p. 217; trad. Jorge Rosa)



* A data de nascimento de Shakespeare não é conhecida com exactidão, mas sabe-se que foi baptizado a 26 de Abril, sendo nessa altura habitual o baptismo ocorrer ao segundo ou terceiro dia de vida da criança; a tradição mantém que o escritor morreu no dia do seu 52.º aniversário.
Miguel de Cervantes morreu também a 23 de Abril de 1616, mas note-se que não no mesmo dia de Shakespeare: nessa altura a Inglaterra seguia ainda o calendário juliano, e não o gregoriano (adoptado no mundo católico em 1582), pelo que o autor inglês morreu 10 dias depois do espanhol (a 3 de Maio, segundo o calendário gregoriano).
A coincidência (aparente) das datas foi um forte incentivo (entre outros) para que o dia 23 de Abril fosse declarado Dia Mundial do Livro.

28 março 2012

18 anos da morte de Eugène Ionesco (1994)

Absurdemos a vida, de leste a oeste.

(Bernardo Soares, “Apoteose do absurdo”, Livro do Desassossego, 372, p. 338)

29 outubro 2011

1 ano da morte de João Paulo Seara Cardoso (2010)

Fernando Pessoa com marioneta de Fernando Pessoa
Aguarela de Hermenegildo Sábat
(Fonte: Público)

27 março 2011

Dia Mundial do Teatro

Comprei por acaso um bilhete para esse espectáculo?

(Álvaro de Campos, “Paragem. Zona”, Poesia, 125, p. 402)



Fotografia de cena do monólogo/performance
Encontro com Fernando Pessoa
Teatro Municipal Café Pequeno
(Leblon, Rio de Janeiro, Brasil), Nov/Dez 2009
Interpretação: Paulo César Oliveira
Direcção: Jacqueline Laurence

27 março 2010

Dia Mundial do Teatro

Chamo teatro estático àquele cujo enredo dramático não constitui acção — isto é, onde as figuras não só não agem, porque nem se deslocam nem dialogam sobre deslocarem-se, mas nem sequer têm sentidos capazes de produzir uma acção; onde não há conflito nem perfeito enredo. Dir-se-á que isto não é teatro. Creio que o é porque creio que o teatro tende a teatro meramente lírico e que o enredo do teatro é, não a acção nem a progressão e consequência da acção — mas, mais abrangentemente, a revelação das almas através das palavras trocadas e a criação de situações [...] Pode haver revelação de almas sem acção, e pode haver criação de situações de inércia, momentos de alma sem janelas ou portas para a realidade.

(Fernando Pessoa, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, V, 5, p. 112)

15 agosto 2009

Amanhã parto para a terra do Rei Ubu*

Faz as malas para Parte Nenhuma!

(Álvaro de Campos, Poesia, 177, p. 479)




* «L’action se passe en Pologne, c’est-à-dire nulle part.» (Alfred Jarry, Ubu roi, 1896)

21 março 2009

Dia Mundial da Poesia... e do Sono

A FERNANDO PESSOA


DEPOIS DE LER O SEU DRAMA ESTÁTICO
«O MARINHEIRO» EM «ORPHEU I»

Depois de doze minutos
Do seu drama O Marinheiro,
Em que os mais ágeis e astutos
Se sentem com sono e brutos,
E de sentido nem cheiro,
Diz uma das veladoras
Com langorosa magia:

De eterno e belo há apenas o sonho. Porque estamos nós falando ainda?

Ora isso mesmo é que eu ia
Perguntar a essas senhoras...

(Álvaro de Campos, Poesia, 19, p. 143)