(Fernando Pessoa, Sobre Portugal — Introdução ao Problema Nacional, 48, p. 171)
29 agosto 2010
185 anos do reconhecimento da independência do Brasil por Portugal (1825)
A «águia imperial», no primeiro caso é Napoleão, pois que A às avessas e com a perna do meio tirada e posta atrás dá N, inicial daquele nome. No segundo caso é D. Pedro IV, que fundou o Império do Brasil, e o A às avessas dá V, e pondo atrás a perna do meio dá IV.
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27 agosto 2010
Liberdade e solidão
A liberdade é a possibilidade do isolamento. [...] Se te é impossível viver só, nasceste escravo.
(Bernardo Soares, Livro do Desassossego, 283, pp. 272–273)
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Solidão
25 agosto 2010
110 anos da morte de Friedrich Nietzsche (1900)
São inúmeros, em todo o mundo, os discípulos de Nietzsche, havendo alguns deles que leram a obra do mestre.
(Fernando Pessoa, Textos Filosóficos, vol. I, IV, 46, p. 135)
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22 agosto 2010
Crédito malparado
[...] tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
(Álvaro de Campos, “Poema em linha recta”, Poesia, 41, p. 262)
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20 agosto 2010
18 agosto 2010
783 anos da morte de Gengis Khan (1227)
[...] uma heterogeneidade extraordinária de raças, extremamente diversas entre si, as quais não consistiam em meras hordas de meros bárbaros [...]
(Fernando Pessoa, “German War etc.”, Ultimatum e Páginas de Sociologia Política, 35, p. 222)
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15 agosto 2010
241 anos do nascimento de Napoleão Bonaparte (1769)
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
E não do tamanho da minha altura...
(Alberto Caeiro, “O Guardador de Rebanhos, VII”, Poemas Completos de Alberto Caeiro, p. 51)
Capa do livro O tamanho da minha altura (entre outras coisas)
Texto de Suzana Ramos, ilustrações de Marta Neto
(Assírio & Alvim, 2009)
Texto de Suzana Ramos, ilustrações de Marta Neto
(Assírio & Alvim, 2009)
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13 agosto 2010
49 anos do início da construção do Muro de Berlim (1961)
Mais terrível de que qualquer [outro] muro, pus grades altíssimas a demarcar o jardim do meu ser, de modo que, vendo perfeitamente os outros, perfeitissimamente eu os excluo e mantenho outros.
(Bernardo Soares, Livro do Desassossego, 120, p. 142)
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12 agosto 2010
103 anos do nascimento de Adolfo Rocha, futuro Miguel Torga (1907)
[...] Recebi, como v. me disse que receberia, o livro Rampa, de Adolfo Rocha. Passados uns dias — mais do que deveria ser — escrevi-lhe uma carta agradecendo o livro e dando, resumidamente, uma opinião. Como escrevi à pressa, para não demorar mais a resposta e o agradecimento, transferi a redacção para o sr. Eng. Álvaro de Campos, cujo talento para a concisão em muito sobreleva ao meu. O resumo da minha opinião, de cuja expressão o citado engenheiro se encarregou, é de que o livro é interessante (é, realmente, muito interessante) como sensibilidade, mas imperfeito e incompleto como uso dela; e é o uso da sensibilidade, e não a própria sensibilidade, que vale em arte. Não deixei de ser elogioso, até onde pude sê-lo; para além de onde podia sê-lo, confesso que o não fui.
Recebi, pouco depois, uma carta do Adolfo Rocha, que me deixou, durante um quarto de hora, perplexo sobre se deveria ou não responder. A carta é de alguém que se ofendeu na quarta dimensão. Não é bem áspera, nem é propriamente insolente, mas (a) intima-me a explicar a minha carta anterior, (b) diz que a minha opinião é a mais desinteressante que ele recebeu a respeito do livro dele, (c) explica, em diversos ângulos obtusos, que os intelectuais são ridículos e que a era dos Mestres já passou.
A carta não tinha, realmente, resposta necessária; achei pois melhor não responder. Que diabo responderia? Em primeiro lugar, é indecente aceitar intimações em matéria extrajudicial. Em segundo lugar, eu não pretendera entrar num concurso de opiniões interessantes. Em terceiro lugar, eu só poderia responder desdobrando em raciocínios as imagens de que, na minha pressa, o sr. Eng. Álvaro de Campos se servira em meu nome; e isso me colocaria numa situação de prosa ainda mais intelectual e ainda mais de Mestre (com maiúscula) do que a anterior. Desisti. Patere et abstine, recomendavam os Estóicos.
Recebi, pouco depois, uma carta do Adolfo Rocha, que me deixou, durante um quarto de hora, perplexo sobre se deveria ou não responder. A carta é de alguém que se ofendeu na quarta dimensão. Não é bem áspera, nem é propriamente insolente, mas (a) intima-me a explicar a minha carta anterior, (b) diz que a minha opinião é a mais desinteressante que ele recebeu a respeito do livro dele, (c) explica, em diversos ângulos obtusos, que os intelectuais são ridículos e que a era dos Mestres já passou.
A carta não tinha, realmente, resposta necessária; achei pois melhor não responder. Que diabo responderia? Em primeiro lugar, é indecente aceitar intimações em matéria extrajudicial. Em segundo lugar, eu não pretendera entrar num concurso de opiniões interessantes. Em terceiro lugar, eu só poderia responder desdobrando em raciocínios as imagens de que, na minha pressa, o sr. Eng. Álvaro de Campos se servira em meu nome; e isso me colocaria numa situação de prosa ainda mais intelectual e ainda mais de Mestre (com maiúscula) do que a anterior. Desisti. Patere et abstine, recomendavam os Estóicos.
(Fernando Pessoa, Correspondência (1923–1935), 102, pp. 212–213)
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10 agosto 2010
10 Ago. 610: Laylat al-Qadr, início da “revelação” do Corão a Maomé
Vejo que delirei.
(Fernando Pessoa, Fausto — Tragédia Subjectiva, p. 179)
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07 agosto 2010
216 anos do último auto-de-fé em Lisboa (1794)
[...] A Inquisição, que queimava os infiéis e os suspeitos; as perseguições religiosas, que exterminavam os contrários — nada disso é tirania religiosa: tudo isso é tirania política. A tirania religiosa é outra, de mais subtil e depravada espécie. A tirania religiosa é de índole hereditária e pedagógica. Cada vez que, opresso pela vida e posto à prova pela amargura, me lembro, no auge da minha angústia, de rezar, de recorrer à ideia de Cristo — então sou servo da verdadeira tirania religiosa. [...] A tirania religiosa é esta, é isto. A outra, que queima infiéis e escorraça pagãos, essa, como te disse, é tirania política exercida em nome da religião. Onde a religião deixa de ter força política, essa tirania deixa de existir.
(Fernando Pessoa, “5 Diálogos”, Ultimatum e Páginas de Sociologia Política, 75, p. 331)
04 agosto 2010
432 anos da Batalha de Alcácer-Quibir (1578)
D. SEBASTIÃO, REI DE PORTUGAL
Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.
Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?
(Fernando Pessoa, Mensagem, Primeira Parte, III, p. 109)
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01 agosto 2010
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