29 abril 2010

77 anos da morte de Constantino Cavafis (1933)

fotograma
Imagem do filme
A noite em que Fernando Pessoa
conheceu Constantino Cavafis

(Τη νύχτα που ο Φερνάντο Πεσσόα
συνάντησε τον Κωνσταντίνο Καβάφη
, 2007)
Realizador: Stelios Haralambopoulos
Fernando Pessoa: Dimitris Oikonomidis

26 abril 2010

Dia Mundial da Propriedade Intelectual

A UM PLAGIÁRIO

Copiaste? Fizeste bem.
Copia mais, sem canseira,
Copia, pilha, retém.
É a única maneira
De não escreveres asneira.

(Joaquim Moura Costa, Pessoa por Conhecer, vol. II, 172, p. 218)

25 abril 2010

36 anos da Revolução de 25 de Abril de 1974, fim do regime do Estado Novo

Passai, bolor do Novo, mercadoria em mau estado desde o cérebro de origem!

(Álvaro de Campos, “Ultimatum”, Prosa Publicada em Vida, p. 283)

23 abril 2010

394 anos da morte de William Shakespeare (1616) e, talvez, 446 anos do seu nascimento (1564)*

Uma torva e peçonhenta maldade — maldade excessiva mesmo para o coração, tão de ofício viperino, de um editor — levou os srs. Lello & Irmão, não sei [por que] azar póstumo de Shakespeare, a escolher para vítima prolongada aquela, a maior de todas as almas que se têm enganado de mundo. Decidiram fazer passar a Shakespeare tratos de tradutor. E como encontrassem vis e criminosos precedentes, em ambos os lugares onde há más fadas, para que, sem ousadia de originalidade, neles alicerçassem o seu grande crime, escolheram para mestre de obras a figura, doravante laivada de perversão, do dr. Domingos Ramos. [...]

(Fernando Pessoa, “Petição a favor de William Shakespeare, traduzido”, Pessoa Inédito, 93, p. 221)



* A data de nascimento de Shakespeare não é conhecida com exactidão, mas sabe-se que foi baptizado a 26 de Abril, sendo nessa altura habitual o baptismo ocorrer ao segundo ou terceiro dia de vida da criança; a tradição mantém que o escritor morreu no dia do seu 52.º aniversário.
Miguel de Cervantes morreu também a 23 de Abril de 1616, mas note-se que não no mesmo dia de Shakespeare: nessa altura a Inglaterra seguia ainda o calendário juliano, e não o gregoriano (adoptado no mundo católico em 1582), pelo que o autor espanhol morreu 10 dias antes do inglês.

Dia Mundial do Livro

Fernando Pessoa totalmente rodeado de livros
«Para ser grande, sê inteiro...»*
Pintura de Norberto Nunes


* (Ricardo Reis, Poesia, II, 136, p. 130)

22 abril 2010

510 anos da Descoberta do Brasil (1500)

E tu, Brasil «república irmã», blague de Pedro Álvares Cabral, que nem te queria descobrir!

(Álvaro de Campos, “Ultimatum”, Prosa Publicada em Vida, p. 281)

20 abril 2010

126 anos da Encíclica Humanum Genus (Leão XIII), condenando a Maçonaria (1884)

A Igreja Católica ladra
E a Maçonaria passa.

(Fernando Pessoa, Poesia (1931–1935 e não datada), p. 383)

18 abril 2010

59 anos do Tratado de Paris (1951), embrião da União Europeia

A Europa está farta de não existir ainda! [...]
A Europa quer passar de designação geográfica a pessoa civilizada!

(Álvaro de Campos, “Ultimatum”, Prosa Publicada em Vida, p. 285)

16 abril 2010

7 anos do Tratado de Adesão à União Europeia de 10 novos países

[...] um polaco ou checo, ou qualquer coisa sem Europa nem vogais [...]

(Fernando Pessoa, Textos Filosóficos, vol. I, IV, 46, p. 135)

121 anos do “nascimento” de Alberto Caeiro (1889)

Alberto Caeiro (Faculdade de Letras
da Universidade de Lisboa; pormenor)
Painel gravado de José de Almada Negreiros (1961)


Carta astral de Alberto Caeiro,
manuscrita por Fernando Pessoa*


* Como muitas datas na cronologia do universos pessoano, também a data de “nascimento” de Alberto Caeiro não é consensual: Abril de 1889 surge mais frequentemente, mas Thomas Crosse, o ficcionado inglês divulgador da obra de Caeiro, aponta-lhe o nascimento para Agosto de 1887 e a morte para Junho de 1915. (Thomas Crosse, Pessoa por Conhecer, vol. II, 388, pp. 439–440)

13 abril 2010

Decadência absoluta

Isto está tudo decadente: já nem decadentes há.

(Fernando Pessoa, Aforismos e afins, p. 24)

12 abril 2010

806 anos do saque de Constantinopla pelos Cruzados (1204)

Decadentes, meu velho, decadentes é que nós somos...
No fundo de cada um de nós há uma Bizâncio a arder,
E nem sinto as chamas e nem sinto Bizâncio
Mas o Império finda nas nossas veias aguadas

(Álvaro de Campos, “Saudação a Walt Whitman”, Poesia, 24h, pp. 175–176)

11 abril 2010

77 anos da entrada em vigor da Constituição de 1933 (Estado Novo)

A República pragmática
Que hoje temos já não é
A meretriz democrática.
Como deixou de ser pública
Agora é somente Ré.

(Fernando Pessoa, Poesia (1931–1935 e não datada), p. 383)

09 abril 2010

92 anos da Batalha de La Lys (1918)

Caeiro morto
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (pormenor)
Painel gravado de José de Almada Negreiros (1961)

07 abril 2010

Dia Mundial da Saúde

Estas quatro canções, escrevi-as estando doente.
Agora ficaram escritas e não penso mais nelas.
Gozemos, se pudermos, a nossa doença,
Mas nunca a achemos saúde,
Como os homens fazem.

O defeito dos homens não é serem doentes:
É chamarem saúde à sua doença,
E por isso não buscarem a cura
Nem realmente saberem o que é saúde e doença.

(Alberto Caeiro, “O Guardador de Rebanhos”, entre XIX e XX, Poemas Completos de Alberto Caeiro, p. 69)

05 abril 2010

Iconografia pessoana

Ilustração de Luís Silva

02 abril 2010

Dia Internacional do Livro Infantil

Nenhum livro para crianças deve ser escrito para crianças. Escrever de coisas simples com simplicidade é quanto se exige daquela espécie de adido à pedagogia que o Sr. Lopes Vieira quer ser. Assim, João de Deus não escreveu a Enjeitadinha senão com o escrúpulo de ser simples. E porque o assunto era também simples, as crianças compreendem-no. Se quisesse ser infantil, acontecia-lhe isto — seria infantil. O sr. Lopes Vieira quer escrever para crianças mediante intuição da alma infantil, como uma criança, escrevendo para crianças. Mesmo que se saísse bem disto, não se saía bem disto. Porque as crianças não escrevem. Escrever como uma criança, é tolerável sendo criança, porque o ser criança o torna tolerável. Mas o que uma criança escreve, ou não se publica, ou se publica para adultos, psicólogos. E que interesse tem para crianças esta baba pedagógica? [...]

(Fernando Pessoa, “Naufrágio de Bartolomeu”, Crítica, p. 78)

01 abril 2010

Dia das Mentiras

Tenho uma pena que escreve
Aquilo que eu sempre sinta.
Se é mentira, escreve leve.
Se é verdade, não tem tinta.

(Fernando Pessoa, Quadras, I, 111, p. 38)



Tenho escrito mais versos que verdade.

(Álvaro de Campos, Poesia, 144, p. 434)

Pessoa, sempre — todos os dias: Abril de 2010

Calendário pessoano: Abril de 2010
Os ícones de cada dia foram adaptados dos do Labirinto do site MultiPessoa.