Não ocupa Os Lusíadas um lugar entre as primeiras epopeias do mundo; só a Ilíada, a Divina Comédia e o Paraíso Perdido ganharam essa elevação. Pertencendo, porém, à segunda ordem das epopeias, como a Jerusalém Libertada, o Orlando Furioso, a Faerie Queene — e, em certo modo, a Odisseia e a Eneida, que participam das duas ordens —, distingue-se Os Lusíadas não só destas epopeias, suas pares, senão também daquelas, suas superiores, em que é directamente uma epopeia histórica.
(Fernando Pessoa, “Luís de Camões”, Crítica, p. 215)