O ódio entre católicos e protestantes, o entre católicos e maçons, o entre cristãos e livres-pensadores modernos, tudo isso tem a ferocidade e o disparatado do ódio entre seitas da mesma religião. Não acabou nunca a luta entre seitas crististas que dura desde o aparecimento do próprio cristismo, que, quando nos surge na história, nos surge já bipartido nas seitas paulina e petrista. O cristismo é essencialmente dividido.
Toda a linha da evolução do cristismo, que — como vimos — alcança todos os movimentos, por pouco cristãos que pareçam, da história moderna, é representada por uma série incoerente de cisões e subcisões, por um encadeamento desconexo de inimizades e de desinteligências.
(António Mora, Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação, 297)