(Fernando Pessoa, “Alemanha e a Guerra”, Ultimatum e Páginas de Sociologia Política, 40, p. 234)
31 outubro 2011
494 anos da afixação das “95 Teses” de Martinho Lutero na porta da igreja do castelo de Wittenberg (1517)
Desde que se separou, na Renascença e depois da Reforma, do cristianismo católico, o espírito cristão tem caminhado lentamente num determinado sentido. Esse sentido é o de afastar cada vez mais o dogma, a «letra», como diz o Evangelho, e de se dedicar cada vez mais ao «espírito». O protestantismo mais não é do que a subordinação do dogma à doutrina, a substituição gradual da autoridade pela consciência no cristianismo.
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29 outubro 2011
28 outubro 2011
307 anos da morte de John Locke (1704)
[...] Deu-se o caso em Inglaterra, no conflito, em grande parte nacional e especial, entre a monarquia dos Stuarts, conscientemente «de direito divino», e a oposição a ela, que assumiu episodicamente, e em contrário do sentimento da maioria, a forma republicana. Nasceu por fim, depois de pesados anos de perturbações, o chamado constitucionalismo, fórmula de equilíbrio espontâneo, provinda de antigas tradições nacionais em que o fermento de todas as doutrinas anti-monárquicas diversamente se infiltrava. O principal teorista do sistema, tal qual finalmente veio a aparecer, foi Locke, em seu Ensaio sobre o Governo Civil.
(Fernando Pessoa, “O Interregno — Defesa e justificação da ditadura militar em Portugal, III”,
Crítica, pp. 382–383)
Crítica, pp. 382–383)
25 outubro 2011
93 anos da morte de Amadeo de Souza-Cardoso (1918)
Orpheu 3 trará, também, quatro hors-textes do mais célebre pintor avançado português — Amadeu de Sousa Cardoso.
A revista deve sair por fins do mês presente. Para a mala que vem já lhe poderei dar notícias mais detalhadas.
Nota: Na fonte usada consta a grafia «Amadeu de Sousa Cardoso», sendo talvez uma actualização feita pela organizadora do volume. No título deste post optou-se pela grafia «Amadeo de Souza-Cardoso» por ser a mais consagrada, sendo inclusivamente a do museu que lhe é dedicado em Amarante, embora nada justifique que não se tenha actualizado a grafia do nome deste autor, tal como, de resto, aconteceu a Luís de Camões, Eça de Queirós ou o próprio Fernando Pessoa.
A revista deve sair por fins do mês presente. Para a mala que vem já lhe poderei dar notícias mais detalhadas.
(Fernando Pessoa, Correspondência (1905–1922), 93, pp. 220–221)
Nota: Na fonte usada consta a grafia «Amadeu de Sousa Cardoso», sendo talvez uma actualização feita pela organizadora do volume. No título deste post optou-se pela grafia «Amadeo de Souza-Cardoso» por ser a mais consagrada, sendo inclusivamente a do museu que lhe é dedicado em Amarante, embora nada justifique que não se tenha actualizado a grafia do nome deste autor, tal como, de resto, aconteceu a Luís de Camões, Eça de Queirós ou o próprio Fernando Pessoa.
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22 outubro 2011
19 outubro 2011
266 anos da morte de Jonathan Swift (1745)
É na incapacidade de ironia que reside o traço mais fundo do provincianismo mental. Por ironia entende-se, não o dizer piadas, como se crê nos cafés e nas redacções, mas o dizer uma coisa para dizer o contrário. A essência da ironia consiste em não se poder descobrir o segundo sentido do texto por nenhuma palavra dele, deduzindo-se porém esse segundo sentido do facto de ser impossível dever o texto dizer aquilo que diz. Assim, o maior de todos os ironistas, Swift, redigiu, durante uma das fomes na Irlanda, e como sátira brutal à Inglaterra, um breve escrito propondo uma solução para essa fome. Propõe que os irlandeses comam os próprios filhos. Examina com grande seriedade o problema, e expõe com clareza e ciência a utilidade das crianças de menos de sete anos como bom alimento. Nenhuma palavra nessas páginas assombrosas quebra a absoluta gravidade da exposição; ninguém poderia concluir, do texto, que a proposta não fosse feita com absoluta seriedade, se não fosse a circunstância, exterior ao texto, de que uma proposta dessas não poderia ser feita a sério.
(Fernando Pessoa, “O Provincianismo Português”, Crítica, pp. 372–373)
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16 outubro 2011
Dia Mundial da Luta Contra a Fome
[...] Alegria!
Hoje o almoço é amanhã.
Hoje o almoço é amanhã.
(Fernando Pessoa, Poesia (1931–1935 e não datada), p. 412)
15 outubro 2011
15 de outubro de 1890: data alternativa* para o “nascimento” de Álvaro de Campos
Rua Álvaro de Campos (Tavira)
(Fernando Pessoa, Correspondência (1923–1935), 162, pp. 344–345)
* Outra data possível é 13 de outubro.
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13 outubro 2011
121 anos do “nascimento” de Álvaro de Campos (1890)
«O Poeta Álvaro de Campos»
Fotogravura de Bartolomeu Cid dos Santos (1984)
Fotogravura de Bartolomeu Cid dos Santos (1984)
Nota: Um horóscopo de Álvaro de Campos, manuscrito pelo próprio Fernando Pessoa, coloca o “nascimento” do heterónimo à 1h17 da tarde de 13 de Outubro de 1890. Em carta a Adolfo Casais Monteiro, datada de 13 de Janeiro de 1935, Fernando Pessoa apresenta uma cronologia ligeiramente diferente: Álvaro de Campos teria nascido à 1h30 da tarde do dia 15 de Outubro. (Fernando Pessoa, Correspondência (1923–1935), 162, pp. 344–345)
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10 outubro 2011
Dia Mundial da Saúde Mental
When I consider how real and how true the things of his madness are to the madman, I cannot but agree with the essence of Protagoras’ statement that “man is the measure of all things”.
[ Quando reflicto sobre quão reais e verdadeiras são para o louco as coisas da sua loucura, não posso deixar de concordar com a essência da declaração de Protágoras de que «o homem é a medida de todas as coisas». ]
[ Quando reflicto sobre quão reais e verdadeiras são para o louco as coisas da sua loucura, não posso deixar de concordar com a essência da declaração de Protágoras de que «o homem é a medida de todas as coisas». ]
(Fernando Pessoa, Aforismos e afins, p. 11; em inglês no original)
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07 outubro 2011
Conhece-se o Artífice pelas suas Obras
GOD’S WORK
«God’s work — how great his power!» said he
As we gazed out upon the sea
Beating the beach tumultuously
Round the land-head.
The vessel then strikes with a crash;
Over her deck the waters rash
Make horror deep in rent and gash.
«God’s work», I said.
(Alexander Search, Poesia, 40, p. 92; em inglês no original)
[ OBRA DE DEUS
«Obra de Deus — grande o seu poder!»Disse ele contemplando o mar
Batendo a costa em tumulto,
Mesmo em torno do pontão.
O barco embate com estrondo,
A água inunda o convés
Abrindo fendas medonhas.
«Obra de Deus», digo então. ]
(p. 93; trad. Luísa Freire)
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04 outubro 2011
02 outubro 2011
Dia Internacional da Não-Violência
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado,
Para fora da possibilidade do soco;
Para fora da possibilidade do soco;
(Álvaro de Campos, “Poema em linha recta”, Poesia, 41, p. 262)
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01 outubro 2011
Dia Internacional do Idoso
Cada vez estou mais só, mais abandonado. Pouco a pouco quebram-se-me todos os laços. Em breve ficarei sozinho.
(Fernando Pessoa, Escritos Autobiográficos, Automáticos e de Reflexão Pessoal, p. 143)
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