[...]
A walk through a museum becomes, not a contribution to culture, but a stimulus to envy, like looking from our own tired feet on a rich man’s automobile.
(Fernando Pessoa, “Erostratus”, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias,
VIII, 37, p. 210; em inglês no original)
VIII, 37, p. 210; em inglês no original)
[ [...] Um grande quadro significa uma coisa que um americano rico quer comprar porque outras pessoas gostariam também de o fazer, se pudessem. Assim, um quadro é posto em paralelo, não com um poema ou um romance, mas com as primeiras edições de certos poemas e romances. O museu equipara-se, não à biblioteca, mas à biblioteca de um bibliófilo. O apreço pela pintura torna-se paralelo, não do apreço pela literatura, mas do apreço pelas edições. A crítica de arte cai gradualmente nas mãos dos antiquários.
[...]
Percorrer um museu transforma-se, não numa contribuição para a cultura, mas num estímulo para a inveja, como erguer o olhar dos nossos pés cansados para o automóvel de um ricaço. ]
(idem, pp. 259–260; trad. Jorge Rosa)