31 outubro 2012

217 anos do nascimento de John Keats (1795)

I cannot think badly of the man who wrote the Ode to a Nightingale, nor of him who, in that «to the Grecian Urn», expresses so human an idea as the heart-rending untimeness of beauty. We all have felt that tearful sensation. [...]

(Fernando Pessoa, “Keats”, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, IX, 10, p. 312;
em inglês no original)



[ Não posso pensar mal do homem que escreveu Ode a um Rouxinol nem daquele que, em «a uma Urna Grega», exprime uma ideia tão humana como a dilacerante intemporalidade da beleza. Todos nós tivemos já essa lacrimosa sensação. [...] ]

(idem, p. 313; trad. Jorge Rosa, com alterações)

30 outubro 2012

28 outubro 2012

156 anos da inauguração da primeira linha férrea em Portugal (1856)

No comboio descendente
Vinha tudo à gargalhada,
Uns por verem rir os outros
E os outros sem ser por nada —
No comboio descendente
De Queluz à Cruz Quebrada...

No comboio descendente
Vinham todos à janela,
Uns calados para os outros
E os outros a dar-lhes trela —
No comboio descendente
Da Cruz Quebrada a Palmela...

No comboio descendente
Mas que grande reinação!
Uns dormindo, outros com sono,
E os outros nem sim nem não —
No comboio descendente
De Palmela a Portimão...

(Fernando Pessoa, “Canções para acordar crianças, III”, O Melhor do Mundo São as Crianças, p. 13)

25 outubro 2012

Tipografia pessoana

Tristes das almas humanas, que põem tudo em ordem, / Que traçam linhas de coisa a coisa, / Que põem letreiros com nomes nas árvores absolutamente reais, / E desenham paralelos de latitude e longitude / Sobre a própria terra inocente e mais verde e florida do que isso!
(Alberto Caeiro, “O Guardador de Rebanhos, XLV”, Poemas Completos de Alberto Caeiro, p. 95)

22 outubro 2012

67 anos da criação da PIDE, sucedendo à PVDE (1945)

Ah, a opressão de tudo isto!

(Álvaro de Campos, “Vilegiatura”, Poesia, 199, p. 511)

21 outubro 2012

207 anos da Batalha de Trafalgar (1805)

[...] Também no terceiro período a Inglaterra nada criou de civilizacional; criou a sua própria grandeza e nada mais — visto que a hegemonia europeia tem sido mais sua do que de outra nação no século XIX, conforme o vincaram para a história Nelson, em Trafalgar, e Wellington, em Waterloo.

(Fernando Pessoa, “A Nova Poesia Portuguesa sociologicamente considerada”, Crítica, p. 11)

18 outubro 2012

Escrita: supérfluo vs. necessário

Quem escreve para obter o supérfluo como se escrevesse para obter o necessário, escreve ainda pior do que se para obter apenas o necessário escrevesse.

(Fernando Pessoa, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, VI, 8, p. 126)

15 outubro 2012

122 anos do “nascimento” de Álvaro de Campos (1890) — take 2*

[...] pus em Álvaro de Campos toda a emoção que não dou nem a mim nem à vida. [...]

(Fernando Pessoa, Correspondência (1923–1935), 162, p. 340)


* Um horóscopo de Álvaro de Campos, manuscrito pelo próprio Fernando Pessoa, coloca o “nascimento” do heterónimo à 1h17 da tarde de 13 de Outubro de 1890. Em carta a Adolfo Casais Monteiro, datada de 13 de Janeiro de 1935, Fernando Pessoa apresenta uma cronologia ligeiramente diferente: Álvaro de Campos teria nascido à 1h30 da tarde do dia 15 de Outubro. (Fernando Pessoa, Correspondência (1923–1935), 162, pp. 344–345)

13 outubro 2012

Dia Internacional dos Cuidados Paliativos

Dói-me quem sou. [...]

(Fernando Pessoa, Poesia (1918–1930), p. 357)

122 anos do “nascimento” de Álvaro de Campos (1890)

«Álvaro de Campos»
Pintura de Juan Soler

12 outubro 2012

520 anos da chegada de Cristóvão Colombo às Américas (1492)

It is idle, though perhaps interesting, to discuss what Columbus was, historically; sociologically, he is Portuguese.

(Fernando Pessoa, “Erostratus”, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, VIII, 38, p. 211;
em inglês no original)



[ É ocioso, embora talvez interessante, discutir quem foi Colombo historicamente; sociologicamente era português. ]

(idem, p. 260; trad. Jorge Rosa)

11 outubro 2012

Prémio Nobel da Literatura

I must write my book. I dread what the truth may be. Yet, be it bad, I have to write it. God get the truth be not bad!

I should like to have written this in better style, but my power of writing is gone.


(Fernando Pessoa, Pessoa por Conhecer, vol. II, 49, p. 77; em inglês no original)




[ Tenho de escrever o meu livro. Tremo de pensar qual possa ser a verdade. Mas, por má que seja, tenho que escrevê-lo. Queira Deus que a verdade não seja má!

Gostaria de ter escrito isto num melhor estilo, mas a minha capacidade para escrever foi-se. ]


(idem; tradução com alterações)

10 outubro 2012

Dia Mundial da Saúde Mental

[...] Partiu-se a corda do automóvel velho que trago na cabeça, e o meu juízo, que já não existia, fez tr-tr-r-r-...

(Fernando Pessoa, Correspondência (1923–1935), 86, p. 172)




And Madness like my breath is within me.

(Alexander Search, “Soul-Symbols”, Poesia, 36, p. 88; em inglês no original)


[ E a Loucura, como o sopro, está em mim. ]

(“A Alma em Símbolos”, p. 89; trad. Luísa Freire)

07 outubro 2012

Iconografia pessoana

«Heterónimos»
Pintura de Bartolomeu Cid dos Santos

05 outubro 2012

102 anos da Implantação da República (1910)

O observador imparcial chega a uma conclusão inevitável: o país estaria preparado para a anarquia; para a república é que não estava. Grandes são as virtudes de coesão nacional e de brandura particular do povo português para que essa anarquia que está nas almas não tenha nunca verdadeiramente transbordado para as coisas!

Bandidos da pior espécie (muitas vezes, pessoalmente, bons rapazes e bons amigos — porque estas contradições, que aliás o não são, existem na vida), gatunos com seu quanto de ideal verdadeiro, anarquistas-natos com grandes patriotismos íntimos — de tudo isto vimos na açorda falsa que se seguiu à implantação do regime a que, por contraste com a monarquia que o precedera, se decidiu chamar República.

(Fernando Pessoa, Da República (1910–1935), 47, p. 149)


O nosso Presidente é que deve saber:
Cavaco Silva hasteia a bandeira nacional invertida durante as comemorações do 5 de Outubro
Fotografia de de Natacha Cardoso (Global Imagens)
Por isso, refazemos aqui o calendário de Outubro:
Calendário pessoano: Outubro de 2012 (agora com feriado de pernas para o ar)
5 de Outubro: um feriado marcado para morrer... (agora de pernas para o ar)

04 outubro 2012

182 anos da Declaração de Independência da Bélgica (1830)

[...] uma pseudonação como, por exemplo, a Bélgica [...], a que falta, logo de princípio, a base linguística para mostrar ao mundo que tem personalidade. [...]

(Fernando Pessoa, “Catalunha”, Ultimatum e Páginas de Sociologia Política, 19, p. 184)

03 outubro 2012

786 anos da morte de “São” Francisco de Assis (1226)

[...] S. Francisco de Assis, um dos mais venenosos e traiçoeiros inimigos da mentalidade ocidental.

(Fernando Pessoa, “Nós os de Orpheu”, Crítica, p. 523)

01 outubro 2012

Dia Mundial da Música

A música é apenas a forma subtilizada das artes de comunicação social. A música é a forma abstracta de entreter.

(Ricardo Reis, Prosa, 61, p. 211)

Pessoa, sempre — todos os dias: Outubro de 2012

Calendário pessoano: Outubro de 2012

Os ícones de cada dia foram adaptados dos do Labirinto do site MultiPessoa.
5 de Outubro: um feriado marcado para morrer...