Crítica, pp. 186–187)
30 janeiro 2013
Raciocínio
Crítica, pp. 186–187)
28 janeiro 2013
99 anos da criação de Ricardo Reis (1914)*
Se penso ou sinto, ignoro
Quem é que pensa ou sente.
Sou somente o lugar
Onde se sente ou pensa.
Tenho mais almas que uma.
Há mais eus do que eu mesmo.
Existo todavia
Indiferente a todos.
Faço-os calar: eu falo.
Os impulsos cruzados
Do que sinto ou não sinto
Disputam em quem sou.
Ignoro-os. Nada ditam
A quem me sei: eu escrevo.
Pintura de Juan Soler
25 janeiro 2013
10 anos da abertura da loja maçónica do Grande Oriente Lusitano à comunicação social (2003)
O segundo erro dos anti-maçons consiste em não querer ver que a Maçonaria, unida espiritualmente, está materialmente dividida, como já expliquei. A sua acção social varia de país para país, de momento histórico para momento histórico, em função das circunstâncias do meio e da época, que afectam a Maçonaria como afectam toda a gente. A sua acção social varia, dentro do mesmo país, de Obediência para Obediência, onde houver mais que uma, em virtude de divergências doutrinárias — as que provocaram a formação dessas Obediências distintas, pois, a haver entre elas acordo em tudo, estariam unidas. Segue de aqui que nenhum acto político ocasional de nenhuma Obediência pode ser levado à conta da Maçonaria em geral, ou até dessa Obediência particular, pois pode provir, como em geral provém, de circunstâncias políticas de momento, que a Maçonaria não criou.
Resulta de tudo isto que todas as campanhas anti-maçónicas — baseadas nesta dupla confusão do particular com o geral e do ocasional com o permanente — estão absolutamente erradas, e que nada até hoje se provou em desabono da Maçonaria. Por esse critério — o de avaliar uma instituição pelos seus actos ocasionais porventura infelizes, ou um homem por seus lapsos ou erros ocasionais — que haveria neste mundo senão abominação? Quer o Sr. José Cabral que se avaliem os papas por Rodrigo Bórgia, assassino e incestuoso? Quer que se considere a Igreja de Roma perfeitamente definida em seu íntimo espírito pelas torturas dos Inquisidores (provenientes de um uso profano do tempo) ou pelos massacres dos albigenses e dos piemonteses? E contudo com muito mais razão se o poderia fazer, pois essas crueldades foram feitas com ordem ou com consentimento dos papas, obrigando assim, espiritualmente, a Igreja inteira.
Sejamos, ao menos, justos. Se debitamos à Maçonaria em geral todos aqueles casos particulares, ponhamos-lhe a crédito, em contrapartida, os benefícios que dela temos recebido em iguais condições. Beijem-lhe os jesuítas as mãos, por lhes ter sido dado acolhimento e liberdade na Prússia, no século dezoito — quando expulsos de toda a parte, os repudiava o próprio Papa — pelo maçon Frederico II. Agradeçamos-lhe a vitória de Waterloo, pois que Wellington e Blucher eram ambos maçons. Sejamos-lhe gratos por ter sido ela quem criou a base onde veio a assentar a futura vitória dos Aliados — a Entente Cordiale, obra do maçon Eduardo VII. Nem esqueçamos, finalmente, que devemos à Maçonaria a maior obra da literatura moderna — o Fausto, do maçon Goethe.
23 janeiro 2013
21 janeiro 2013
Produtividade nacional
em inglês no original)
[ [...] Não trabalhamos bastante e fingimos que trabalhamos demasiado. [...] ]
20 janeiro 2013
71 anos da adopção da “Solução Final para o Problema Judaico” (1942)
[ A Alemanha, propriamente falando, também não é civilizada. Tomou o caminho errado, mas caminhou organizadamente nesse caminho errado. ]
116 anos da partida de Fernando Pessoa com a mãe para a África do Sul (1896)
Pintura de Juan Soler
19 janeiro 2013
94 anos do início da “Monarquia do Norte” (1919)
18 janeiro 2013
142 anos da proclamação do II Reich Alemão (1871)
16 janeiro 2013
67 anos da declaração de “Santo” António de Lisboa como Doutor da Igreja (1946)
Era um grande pregador,
Mas é por ser Santo António
Que as moças lhe têm amor.
14 janeiro 2013
13 janeiro 2013
254 anos da execução dos condenados no Processo dos Távoras (1759)
[ [...] Oh, como eu sonho com aquele Marquês de Távora que poderia vir redimir a nação — um salvador, um verdadeiro homem, grande e dominador que nos endireitaria. Mas nenhum sofrimento pode igualar aquele que me leva a perceber que isto não é mais do que um sonho. ]
11 janeiro 2013
127 anos do início do primeiro campeonato mundial de xadrez (1886)
XADREZ
Peões, saem na noite sossegada,
Cansados, cheios de emoções postiças,
Vão para casa, conversando em nada,
Sob peles, e casacos, e peliças.
Peões a que o destino não concede
Mais que uma casa por avanço e sorte,
Salvo se a diagonal lhes outra cede,
Ganhando o novo, com a alheia morte.
Súbditos sempre da maior mudança
Das nobres peças que ou o Bispo ou a Torre
Subitamente a sorte lhes alcança
E no isolado avanço o peão morre.
Um ou outro, chegando ao fim, consegue
O resgate do que é outro do que ele;
E o jogo, alheio a cada peça, segue,
E a inexorável mão por junto impele.
Depois, coitados, sob peliça ou renda,
Mate! Se finda o jogo e a mão delgada
Guarda as peças sem nexo da contenda,
Que, como tudo é jogo, o fim é nada.
5 anos da morte de Edmund Hillary (2008)
09 janeiro 2013
07 janeiro 2013
688 anos da morte de D. Dinis (1325)
05 janeiro 2013
Prazeres de Inverno...
E, amor a amor, ou livro a livro, amemos
Nossa lareira breve.
03 janeiro 2013
Um dia aleatório...
[ Todos os dias os jornais me trazem notícias de factos que são humilhantes, [] para nós, Portugueses. ]
01 janeiro 2013
Ano Novo
Onde estamos, que vemos só passar?
O dia muda, lento, no amplo ar;
Múrmura, em sombras, flui a água nua.
Vêm de longe,
Só nosso vê-las teve começar.
Em cadeias do tempo e do lugar,
É abismo o começo e ausência.
Nenhum ano começa. É Eternidade!
Agora, sempre, a mesma eterna Idade,
Precipício de Deus sobre o momento,
Na curva do amplo céu o dia esfria,
A água corre mais múrmura e sombria
E é tudo o mesmo: e verbo o pensamento.