(Fernando Pessoa, “Erostratus”, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, VIII, 6, p. 174;
em inglês no original)
em inglês no original)
[ Há um grande poeta português chamado Cesário Verde; viveu ele em meados do século XIX. Toda a atitude perante a vida que faz de Cesário Verde um grande poeta se encontra antecipadamente em dois poemas casuais de Guilherme Braga, poeta dez anos mais velho do que ele. Mas aquilo que em Cesário se congrega em todo um conceito do universo era mero acaso na produção de Braga. E mesmo que, como é muito provável, fossem os poemas casuais de Braga que fizeram com que Cesário se encontrasse a si próprio, embora à custa de um plagiato sem plagiato, o poeta anterior é, no entanto, de menor estatura. (O poeta posterior é que fica sendo o primeiro.) ]
(idem, p. 221; trad. Jorge Rosa, com alterações)