(Álvaro de Campos, “Poema em linha recta”, Poesia, 41, p. 263)
28 fevereiro 2013
Craques de futebol
(nos 109 anos da fundação do Sport Lisboa e Benfica — 1904)
Arre, estou farto de semi-deuses!
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27 fevereiro 2013
Deus e a incompletude
Deus é o existirmos e isto não ser tudo.
(Bernardo Soares, Livro do Desassossego, 22, p. 60)
25 fevereiro 2013
158 anos do nascimento de Cesário Verde (1855)
There is a great Portuguese poet called Cesário Verde; he lived in the middle years of the nineteenth century. The whole attitude to life which makes him a great poet can actually be found in anticipation in two casual poems of Guilherme Braga, a poet ten years older than he. But what in Cesário is gathered together into a whole concept of the universe was a mere chance in Braga’s production. And, even if, as is quite probable, Braga’s casual poems made Cesário find himself, even if by a plagiarism without plagiarism, the earlier man is nevertheless smaller. (It is the later man who is the earlier.)
[ Há um grande poeta português chamado Cesário Verde; viveu ele em meados do século XIX. Toda a atitude perante a vida que faz de Cesário Verde um grande poeta se encontra antecipadamente em dois poemas casuais de Guilherme Braga, poeta dez anos mais velho do que ele. Mas aquilo que em Cesário se congrega em todo um conceito do universo era mero acaso na produção de Braga. E mesmo que, como é muito provável, fossem os poemas casuais de Braga que fizeram com que Cesário se encontrasse a si próprio, embora à custa de um plagiato sem plagiato, o poeta anterior é, no entanto, de menor estatura. (O poeta posterior é que fica sendo o primeiro.) ]
(Fernando Pessoa, “Erostratus”, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, VIII, 6, p. 174;
em inglês no original)
em inglês no original)
[ Há um grande poeta português chamado Cesário Verde; viveu ele em meados do século XIX. Toda a atitude perante a vida que faz de Cesário Verde um grande poeta se encontra antecipadamente em dois poemas casuais de Guilherme Braga, poeta dez anos mais velho do que ele. Mas aquilo que em Cesário se congrega em todo um conceito do universo era mero acaso na produção de Braga. E mesmo que, como é muito provável, fossem os poemas casuais de Braga que fizeram com que Cesário se encontrasse a si próprio, embora à custa de um plagiato sem plagiato, o poeta anterior é, no entanto, de menor estatura. (O poeta posterior é que fica sendo o primeiro.) ]
(idem, p. 221; trad. Jorge Rosa, com alterações)
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23 fevereiro 2013
O mal da felicidade
Evil is everywhere on earth, and one of its forms is happiness.
[ O mal está por toda a Terra e uma das suas formas é a felicidade. ]
[ O mal está por toda a Terra e uma das suas formas é a felicidade. ]
(Fernando Pessoa, Aforismos e afins, p. 19; em inglês no original)
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21 fevereiro 2013
165 anos do Manifesto do Partido Comunista (1848)
[...] A humanidade tem-se entretido — desde a formação, na Grécia antiga, do espírito crítico — a idear sistemas políticos e sociais «definitivos» em matéria tão flutuante e incerta como a vida, em assunto ainda tão fora da ciência como a sociedade.
(Fernando Pessoa, “Régie, Monopólio, Liberdade”, Crítica, p. 281)
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88 anos da publicação do primeiro número da revista The New Yorker (1925)
The New Yorker, edição de 16&23 de Junho de 2003 (p. 101)
Ilustração de autor não identificado
Ilustração de autor não identificado
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Revistas
19 fevereiro 2013
Ranço
O ancien régime intelectual ainda hoje pesa sobre nós.
(Ricardo Reis, Prosa, 74, p. 243)
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17 fevereiro 2013
16 fevereiro 2013
Ecletismo
[...] Se eu gostasse só da minha arte, nem da minha arte gostava, porque vario.
(Álvaro de Campos, “De Newcastle-on-Tyne Álvaro de Campos Escreve à Contemporânea”, Crítica, p. 187)
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14 fevereiro 2013
Dia dos Namorados
Não sei se é amor que tens, ou amor que finges,
O que me dás. Dás-mo. Tanto me basta.
Já que o não sou por tempo,
Seja eu jovem por erro.
Pouco os deuses nos dão, e o pouco é falso.
Porém, se o dão, falso que seja, a dadiva
É verdadeira. Aceito,
Cerro olhos: é bastante.
O que me dás. Dás-mo. Tanto me basta.
Já que o não sou por tempo,
Seja eu jovem por erro.
Pouco os deuses nos dão, e o pouco é falso.
Porém, se o dão, falso que seja, a dadiva
É verdadeira. Aceito,
Cerro olhos: é bastante.
(Ricardo Reis, Poesia, II, 112, pp. 118–119)
Fotografia de Ofélia Queirós (1900–1991)
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Mentira
13 fevereiro 2013
68 anos do início do bombardeamento de Dresden (1945)
A criança loura
Jaz no meio da rua.
Tem as tripas de fora
E por uma corda sua
Um comboio que ignora.
Jaz no meio da rua.
Tem as tripas de fora
E por uma corda sua
Um comboio que ignora.
(Fernando Pessoa, Poesia (1902–1917), pp. 213–214)
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94 anos do fim da “Monarquia do Norte”, com a entrada das forças republicanas no Porto (1919)
[...] [Ricardo Reis] vive no Brasil desde 1919, pois se expatriou espontaneamente por ser monárquico. [...]
(Fernando Pessoa, Correspondência (1923–1935), 162, p. 345)
11 fevereiro 2013
155 anos da primeira “aparição” de Lourdes (1858)
Quais milagres de Lourdes, meu amigo!
Milagres de Rússia.
Curar paralisias!
Curar egoísmos, isso é que é milagre.
Ah Lourdes, Lourdes, quantas Lourdes há!
Milagres de Rússia.
Curar paralisias!
Curar egoísmos, isso é que é milagre.
Ah Lourdes, Lourdes, quantas Lourdes há!
(Fernando Pessoa, Poesia (1918–1930), p. 198)
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09 fevereiro 2013
Fevereiro, “mês dos gatos”
Stencil e fotografia de autores não identificados
Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.
Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes,
És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.
(Fernando Pessoa, Poesia (1931–1935 e não datada), pp. 14–15)
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06 fevereiro 2013
405 anos do nascimento de Padre António Vieira (1608)
Na palavra falada temos que ser, em absoluto, do nosso tempo e lugar; não podemos falar como Vieira, pois nos arriscamos ou ao ridículo ou à incompreensão. [...]
A palavra escrita, ao contrário, não é para quem a ouve, busca quem a ouça; escolhe quem a entenda, e não se subordina a quem a escolhe.
Na palavra escrita tem tudo que estar explicado, pois o leitor nos não pode interromper com o pedido de que nos expliquemos melhor.
A palavra escrita, ao contrário, não é para quem a ouve, busca quem a ouça; escolhe quem a entenda, e não se subordina a quem a escolhe.
Na palavra escrita tem tudo que estar explicado, pois o leitor nos não pode interromper com o pedido de que nos expliquemos melhor.
(Fernando Pessoa, “Ortografia”, Pessoa Inédito, 114, pp. 243–244)
04 fevereiro 2013
214 anos do nascimento de Almeida Garrett (1799)
[...] the sum and whole of Portuguese literature is hardly literature and scarcely ever Portuguese. It is Provençal, Italian, Spanish and French, occasionally English, in some people, like Garrett, who knew enough French to read bad French translations of inferior English poems and go right when they go wrong on that. [...]
[ [...] o conjunto da literatura portuguesa dificilmente é literatura e quase nunca é portuguesa. É provençal, italiana, espanhola e francesa, ocasionalmente inglesa, em alguns, como Garrett, que sabia o francês bastante para ler más traduções francesas de poemas ingleses inferiores e acertar quando eles erram. [...] ]
(Fernando Pessoa, Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação, 140; em inglês no original)
[ [...] o conjunto da literatura portuguesa dificilmente é literatura e quase nunca é portuguesa. É provençal, italiana, espanhola e francesa, ocasionalmente inglesa, em alguns, como Garrett, que sabia o francês bastante para ler más traduções francesas de poemas ingleses inferiores e acertar quando eles erram. [...] ]
(idem, 148)
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Poesia
03 fevereiro 2013
02 fevereiro 2013
Dia Mundial das Zonas Húmidas
PAUIS
Pauis que roçarem ânsias pela minh’alma em ouro...
Dobre longínquo de Outros Sinos... Empalidece o louro
Trigo na cinza do poente... Corre um frio carnal por minh’alma...
Tão sempre a mesma, a Hora!... Baloiçar de cimos de palma...
Silêncio que as folhas fitam em nós... Outono delgado
Dum canto de vaga ave... Azul esquecido em estagnado...
Oh que mudo grito de ânsia põe garras na Hora!
Que pasmo de mim anseia por outra coisa que o que chora!
Estendo as mãos para além, mas ao estendê-las já vejo
Que não é aquilo que quero aquilo que desejo...
Címbalos de Imperfeição... Ó tão antiguidade
A hora expulsa de si-Tempo!... Onda de recuo que invade
O meu abandonar-me a mim próprio até desfalecer,
E recordar tanto o Eu presente que me sinto esquecer!...
Fluido de auréola, transparente de Foi, oco de ter-se...
O Mistério sabe-me a eu ser outro... Luar sobre o não conter-se...
A sentinela é hirta — a lança que finca no chão
É mais alta do que ela... Pra que é tudo isto?... Dia chão...
Trepadeiras de despropósito lambendo de Hora os Aléns!
Horizontes fechando os olhos ao espaço em que são elos de erro...
Fanfarras de ópios de silêncios futuros... Longes trens...
Portões vistos longe... através das árvores... tão de ferro!...
(Fernando Pessoa, Poesia (1902–1917), pp. 213–214)
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01 fevereiro 2013
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